Um relatório elaborado pelo Instituto de Monitoramento da Paz e Tolerância Cultural na Educação Escolar (IMPACT-se), organização não governamental que monitora os conteúdos didáticos de países do Oriente Médio e da África, revelou mudanças significativas, implantadas entre 2023 e 2024, nos livros de Estudos Sociais e Nacionais da Arábia Saudita. De acordo com o relatório, […]
Um relatório elaborado pelo Instituto de Monitoramento da Paz e Tolerância Cultural na Educação Escolar (IMPACT-se), organização não governamental que monitora os conteúdos didáticos de países do Oriente Médio e da África, revelou mudanças significativas, implantadas entre 2023 e 2024, nos livros de Estudos Sociais e Nacionais da Arábia Saudita.
De acordo com o relatório, essas obras deixaram de caracterizar o Sionismo como um movimento europeu “racista” e reconhecem a presença histórica dos judeus em sua terra ancestral.
Israel também é retratado de forma diferente. Não é mais definido como “Estado inimigo” embora ainda haja referências a uma “ocupação” por ele. Nos mapas, seu nome não aparece, porém o termo “Palestina”, que antes cobria todo o território do Estado Judeu, foi removido. No entanto, o currículo escolar ainda destaca que a Arábia Saudita mantém o “compromisso com a causa palestina”.
Outra diferença significativa em relação aos últimos anos, quando se pregava o ódio aos judeus e se incitava a violência contra eles de maneira explícita, é o desaparecimento quase total do antissemitismo na educação saudita. Por exemplo, os judeus não são mais caracterizados como traiçoeiros. A jihad, antes promovida como uma luta armada contra os não muçulmanos, passou a ter uma interpretação não violenta, como uma batalha pelo aperfeiçoamento pessoal.
Em entrevista ao jornal The Times of Israel em meados de junho último, Nimrod Goren, diretor do Instituto Israelense de Política Externa Regional, afirmou que essas mudanças são um sinal de que o reino saudita segue os passos dos Emirados Árabes Unidos e do Bahrein, que, em 2020, celebraram, com o Estado Judeu, os Acordos de Abraão, que visam à normalização das relações entre as partes.
Fatos anteriores ao 7 de outubro de 2023 já indicavam uma disposição da Arábia Saudita a rever sua postura diante do Estado Judeu. Em 2022, o ex-ministro da Justiça do reino e secretário-geral da Liga Mundial Muçulmana, Mohammad bin Abdulkarim Al-Issa, chefiou uma delegação de muçulmanos em visita a Auschwitz. Além disso, o ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, oficiou um serviço religioso em Riad alguns dias antes do atentado terrorista de 7 de outubro. No entanto, a normalização das relações entre os dois países sofreu um abalo direto com a guerra entre o Estado Judeu e o Hamas.