O Jejum de Esther (Taanit Esther) é realizado no dia 13 do mês hebraico de Adar. termina ao anoitecer, quando um novo dia se inicia, 14 de Adar, inaugurando a festa de Purim – uma das datas mais felizes do ano judaico. Ao contrário dos jejuns de Yom Kipur e Tishá b’Av, nos quais jejuamos por mais de 24 horas, taanit Esther é o que se conhece como um meio-jejum: inicia-se antes do nascer do sol e se encerra ao pôr do sol. É costume quebrar o jejum somente após ouvir a leitura da Meguilá, na noite de Purim.

Neste ano judaico de 5783, o Jejum de Esther será realizado no dia 6 de março de 2023 – segunda-feira. A festa de Purim será celebrada ao anoitecer e no dia seguinte, 7 de março. Normalmente, observa-se Taanit Esther no dia 13 de Adar, mas quando Purim cai na noite de sábado e no dia de domingo, o jejum é antecipado: é movido do Shabat (quando é proibido jejuar, exceto em Yom Kipur) para a quinta-feira anterior.

Há quatro meios-jejuns no calendário judaico. Três deles – o jejum de Guedaliá, realizado em 3 de Tishrei, o de 10 de Tevet e o de 17 de Tamuz – comemoram eventos difíceis na história do Povo de Israel. O Jejum de Esther é o único meio-jejum que celebra um evento feliz: o fracasso dos planos genocidas de Haman e o subsequente triunfo do Povo Judeu sobre seus inimigos, em uma batalha travada em 13 de Adar. Ao contrário de todos os outros, o Jejum de Esther não foi ordenado pela Torá ou pelos Profetas. Portanto, sua observância é mais branda, principalmente quando se trata de mulheres grávidas ou lactantes e de pessoas doentes que passariam muito mal se jejuassem.

Um resumo da história de Purim

Para entendermos o motivo do Jejum de Esther, é necessário relembrar os principais eventos da história de Purim.

A história narrada no Livro de Esther (Meguilat Esther) ocorreu na antiga Pérsia, atual Irã, no século 4 a.E.C. O Templo Sagrado de Jerusalém havia sido destruído há mais de 50 anos, e os judeus eram súditos do poderoso e extenso Império Persa.

Três anos após o rei Achashverosh ter ascendido ao trono persa, ele promove uma grande festa para todos os seus súditos. Durante as festividades, Achashverosh ordena que sua esposa Vashti apareça nua diante de todos os homens: o rei desejava mostrar a todos a beleza de sua rainha. Vashti se recusa a fazê-lo e, a conselho de um de seus assessores, Achashverosh ordena que ela seja executada.

Quando a ira do rei se dissipa, ele se sente solitário. Seus servos sugerem que se organizasse um concurso de beleza: oficiais de todas as terras do rei trariam belas moças para Achashverosh e a que achasse graça aos olhos dele seria a nova rainha.

O líder dos judeus à época, Mordechai, residente da capital persa de Shushan, tinha uma sobrinha, Esther, que ele havia criado como filha. Embora não desejasse ser rainha, Esther é levada à força para o harém do rei para participar do concurso de beleza. Enquanto todas as outras concorrentes, que almejavam tornar-se a nova rainha do Império Persa, embelezavam-se com perfumes e loções, Esther nada fazia para atrair a atenção do rei. Mas D’us tinha Seus planos. E quando ela aparece diante do rei, ele imediatamente gosta de Esther e a torna sua nova esposa. Mesmo após se tornar rainha, ela não revela a sua identidade judaica para o rei Achashverosh.

Pouco depois de Esther se tornar rainha, Mordechai toma conhecimento de um plano para assassinar o rei. Mordechai transmite essa informação a Esther, que passa a informação adiante. Assim, a vida de Achashverosh é salva graças a Mordechai.

Enquanto isso, Haman, um dos ministros do rei Achashverosh, é promovido ao cargo de primeiro-ministro. Haman era a personificação do antissemitismo – um descendente do povo de Amalek – nação arqui-inimiga dos Filhos de Israel. Imediatamente após Haman se tornar primeiro-ministro da Pérsia, o rei emite um decreto: todas as pessoas do império teriam de se curvar perante Haman. Mas como esse notório antissemita andava com um ídolo pendurado em uma corrente em seu pescoço, Mordechai se recusava a se curvar diante dele. Isso serve de pretexto para que Haman orquestrasse um plano diabólico: o extermínio de todo o Povo de Israel. Haman faz um jogo da sorte para determinar o dia em que implementaria seu plano. A sorte caiu no dia 13 do mês hebraico de Adar.

Haman oferece ao rei Achashverosh 10 mil moedas de prata para obter permissão para exterminar todos os judeus. Achashverosh, que também não era amigo do Povo de Israel, diz a Haman: “Guarde seu dinheiro, e faça com essa nação o que bem entender”.

Haman envia proclamações a todas as terras sob o reinado de Achashverosh. Seladas com o anel do rei, ordenavam que todos se levantassem contra os judeus e exterminassem a todos – homens, mulheres e crianças – no dia 13 de Adar.

Quando Mordechai toma conhecimento do decreto nefasto de Haman, ele envia uma mensagem a Esther pedindo-lhe que interceda perante o rei para que este poupe o Povo de Israel do extermínio. Esther responde a Mordechai que qualquer pessoa que entrasse na presença do rei sem ter sido convocada seria morta, a menos que o rei estendesse a essa pessoa seu cetro de ouro. “E eu”, disse Esther, “já não sou convocada pelo rei há 30 dias!”

Mordechai então envia outra mensagem à rainha Esther: “Não pense que você escapará do destino de todos os judeus por estar no palácio do rei. Pois se você permanecer calada neste momento, alívio e salvação virão para os judeus de outra fonte, e você e a casa de seus pais perecerão. E quem sabe se não foi com essa finalidade que você alcançou esta posição real” (Esther, 5:14).

Esther concorda em se aproximar do rei mesmo sem ter sido convocada. Pede a Mordechai que reúna todos os judeus em Shushan e que todos jejuem por três dias e três noites. Esther também participaria desse jejum, após o que ela arriscaria sua vida aproximando-se do rei mesmo sem ter sido convocada.

Mordechai atende ao pedido de Esther. Ele reúne os judeus de Shushan e todos jejuam durante três dias e três noites. Após o término do jejum, Esther veste trajes reais e adentra os aposentos de Achashverosh. Imediatamente, o rei estende seu cetro e pergunta a Esther o que ela desejava. Esther responde ao rei que deseja convidá-lo, bem como a Haman, para um pequeno banquete que ela havia preparado.

O rei Achashverosh e Haman juntam-se a Esther para participar do banquete por ela organizado. Durante a refeição, o rei pergunta novamente a Esther se ela tinha algo a pedir. “Sim”, respondeu Esther. “Eu gostaria que amanhã, novamente, o rei e Haman se juntassem a mim para um banquete. E então revelarei ao rei o meu pedido”.

Haman deixa a festa sentindo-se feliz e orgulhoso por ter sido homenageado pela rainha. Mas ele se depara com Mordechai que, mais uma vez, se recusa a se curvar diante dele. Quando Haman volta a seus aposentos, sua esposa e seus conselheiros o aconselham a erguer uma forca e pedir permissão ao rei para enforcar Mordechai. Haman segue o conselho.

Naquela noite, o rei Achashverosh não consegue dormir. E então pede a seus servos para ler para ele as Crônicas Reais. Eles abrem em uma página que descrevia como Mordechai havia salvado a vida do rei ao revelar que dois de seus camareiros haviam planejado matá-lo.

Achashverosh pergunta a eles: “Ele foi recompensado por este belo ato?” E eles respondem que Mordechai não havia sido recompensado de nenhuma forma por ter salvado a vida do rei.

Naquele mesmo momento, Haman chega no palácio real para pedir ao rei permissão para enforcar Mordechai. Antes de Haman informar o motivo de sua visita, o rei dirige-se a ele e pergunta: “Na sua opinião, o que deve ser feito a uma pessoa a quem o rei deseja honrar?”

Haman, que tinha certeza de que o rei se referia a ele, responde: “Tragam-lhe roupas reais e um cavalo real. E que um dos nobres do rei vista o homem e o conduza a cavalo pelas ruas da cidade, proclamando diante dele: ‘Assim é feito para o homem a quem o rei deseja honrar!’” “Uma ótima ideia”, responde Achashverosh. “Agora vá pegar as roupas e o cavalo e faça isso para Mordechai”.

Haman não tem escolha a não ser obedecer. No dia seguinte, ele honra Mordechai como o rei havia ordenado, e, logo depois, corre para se juntar ao rei e a Esther para o segundo banquete. Durante a refeição, o rei pede para que Esther finalmente revele seu pedido.

“Se achei graça aos teus olhos, ó rei”, implora Esther, “e se for do teu agrado, que minha vida me seja concedida pelo meu pedido, bem como a vida do meu povo, pelo meu pedido. Pois meu povo e eu fomos vendidos para sermos aniquilados, mortos e destruídos!”. Esther então identifica Haman como o vilão que desejava cometer essa atrocidade.

O rei se enche de ódio contra Haman. E quando lhe é informado que ele havia construído uma forca para Mordechai, o rei ordena que a mesma seja utilizada para enforcar o próprio Haman. Naquele mesmo dia, o rei Achashverosh nomeia Mordechai primeiro-ministro da Pérsia.

Haman estava morto, mas seu decreto nefasto ainda permanecia em vigor. De acordo com a lei persa da época, um decreto real não podia ser revogado. O que o rei Achashverosh fez então foi dar permissão a Mordechai e Esther para que redigissem um decreto que autorizasse os judeus a se defender contra seus inimigos. Já que àquela altura todos sabiam que a rainha e o recém-nomeado primeiro-ministro eram judeus, ninguém impediria os judeus de se defenderem. Assim, no dia 13 de Adar daquele ano, os judeus prevaleceram sobre os inimigos que, a mando de Haman, levantaram-se para matá-los.

A rainha Esther também pede permissão ao rei para que fosse dado aos judeus de Shushan, capital da Pérsia, o direito de lutar contra seus inimigos por mais um dia. Achashverosh atendeu seu pedido. Naquele dia, 14 de Adar, enquanto o Povo de Israel comemorava a vitória do dia anterior, os judeus de Shushan continuaram a lutar – mataram um número ainda maior de seus inimigos e enforcaram os 10 filhos de Haman. Os judeus de Shushan então descansaram e comemoraram a vitória no dia 15 de Adar.

Mordechai e Esther estabeleceram a festa de Purim para comemorar esses eventos extraordinários. Judeus em todo o mundo comemoram Purim no dia 14 de Adar, enquanto os moradores de cidades muradas em Israel – hoje, apenas Jerusalém – comemoram a data no dia 15 de Adar, assim como fizeram os judeus de Shushan. Purim é considerada uma das datas mais alegres do calendário judaico.

Por que foi instituído o Jejum de Esther?

Maimônides (o Rambam) escreve: “Todo o Povo Judeu segue o costume de jejuar... no dia 13 de Adar, em comemoração ao jejum realizado na época de Haman, como está escrito: “Para estabelecer para si mesmos o assunto dos jejuns e seus clamores” (Esther, 10:31).

Ao explicar o motivo do Jejum de Esther, Maimônides cita um verso do Livro de Esther em que a palavra “jejum” está no plural: “o assunto dos jejuns”. Vários comentaristas clássicos da Torá deduzem que ao citar um versículo da Meguilá que menciona “jejuns”, Maimônides sustenta a opinião de que o Jejum de Esther é realizado em lembrança aos três dias e três noites de jejum consecutivos observados pelo Povo Judeu.

Como vimos acima no resumo da história de Purim, Mordechai, o líder do Povo de Israel à época, pediu à sua sobrinha, a rainha Esther, que intercedesse junto ao rei Achashverosh para que este revogasse o decreto de genocídio de Haman. Esther responde a Mordechai que qualquer pessoa que se aproximasse do rei sem ter sido convocada seria morta, a menos que o rei estendesse a essa pessoa seu cetro de ouro. Esther concordou em arriscar sua vida com a condição de que todo o Povo Judeu jejuasse por três dias e três noites.

Mas a opinião do Rambamsobre o motivo pelo qual jejuamos na véspera de Purim não é unânime. O Rabino David Avudraham, uma das maiores autoridades sobre a liturgia judaica, diverge de Maimônides. Ele escreve: “Até mesmo HaYarchi [o Rabino Avraham ben Nathan, que viveu na Provença, sul da França, durante o século 12] escreve que esses jejuns não são uma comemoração dos jejuns de Esther, pois não jejuamos por três dias consecutivos, dia e noite, [como Esther o fez]. Além disso, esses jejuns (de três dias e três noites) foram realizados em Pessach... Em vez disso, (o jejum do dia 13 de Adar foi instituído) por causa do versículo: ‘E os judeus ... reuniram-se no dia 13 (de Adar)’; [esta reunião] foi com o propósito de jejuarem [juntos]”.

De acordo com Avudraham, o Jejum de Esther é realizado no dia 13 de Adar porque, na história de Purim, o Povo Judeu jejuou nessa data – o dia da batalha contra seus inimigos – visando a despertar a misericórdia Divina. Como explicado acima, a revogação do decreto de Haman significou que o rei Achashverosh concedera aos judeus o direito de autodefesa. O dia 13 de Adar foi o dia em que os judeus travaram batalhas e derrotaram aqueles que, galvanizados por Haman, se levantaram para aniquilá-los. Os judeus jejuaram no dia 13 de Adar porque reconheceram que precisavam da ajuda de D’us para derrotar seus inimigos. De fato, há precedentes para isso na história judaica: quando Yehoshua liderou os Filhos de Israel na batalha contra Amalek, Moshé e seu irmão Aharon e o sobrinho deles, Chur – filho de Miriam – jejuaram.

Quem está correto? O Rambam ou o Avudraham, que cita a opinião de HaYarchi? Por um lado, é possível refutar os desafios apresentados por HaYarchi que contestam a opinião do Rambam. Pode-se argumentar, por exemplo, que embora Taanit Esther comemore os três dias e três noites de jejum observados sob ordens da rainha Esther, observamos apenas um curto jejum no dia 13 de Adar porque nossos Sábios não quiseram impor sobre o Povo Judeu um jejum extremamente longo e difícil. Também pode-se argumentar que a razão do Jejum de Esther ser realizado no dia anterior a Purim, e não em Pessach – como foram os três jejuns consecutivos solicitados pela rainha Esther – é que faz sentido comemorar os jejuns que levaram à nossa salvação em Purim na véspera desta festa – e não no mês seguinte, Nissan, que é quando celebramos Pessach. Além disso, o mês de Nissan celebra a liberdade e a redenção do Povo Judeu. Nissan foi também o mês da inauguração do Mishkan – o Tabernáculo. Jejuar em Nissan para comemorar os jejuns que concernem a festa de Purim seria, portanto, inapropriado. Finalmente, o próprio nome do jejum – Taanit Esther – constitui um forte indicativo de que comemora os jejuns solicitados pela rainha Esther. Pois se esse jejum comemorasse aquele realizado pelo Povo Judeu em 13 de Adar – o dia da batalha contra seus inimigos – por que seria chamado de Jejum de Esther?

Vale ressaltar, porém, que mesmo esse último argumento - o fato de se chamar Taanit Esther o jejum da véspera de Purim – não constitui uma refutação clara da posição de HaYarchi. Esse Sábio poderia argumentar o seguinte: Em princípio, os judeus decidiram jejuar no dia 13 de Adar para despertar a misericórdia Divina.

O objetivo desse jejum seria pedir a D’us que os ajudasse na batalha contra seus inimigos. No entanto, os judeus não chegaram a jejuar no próprio dia 13 de Adar porque isso comprometeria sua força física durante as batalhas. Portanto, o Povo Judeu se comprometeu a jejuar em uma data posterior. A rainha Esther, por outro lado, passou o dia 13 de Adar no palácio real – ela não se juntou aos judeus no campo de batalha – e, portanto, jejuou nesse dia. De acordo com HaYarchi, o jejum realizado na véspera de Purim é chamado de Taanit Esther porque a rainha Esther foi a única pessoa a jejuar no dia 13 de Adar como forma de atrair a misericórdia Divina sobre os judeus que estavam lutando contra aqueles que desejavam exterminá-los.

Qual a finalidade de um jejum, de acordo com o Judaísmo?

A disputa entre as posições de Rambame Avudraham, que cita a opinião de HaYarchi, lembra as discussões talmúdicas, em que grandes Sábios têm opiniões diferentes, até mesmo opostas. A verdade é que todas são válidas porque ensinam diferentes pontos de vista e importantes lições. Como afirma o Talmud sobre as discussões entre a Escola de Hillel e a de Shammai: “Estas e aquelas, ambas são as palavras do D’us Vivo”. De fato, as posições do Rambame de Avudrahamsão válidas e podem nos orientar em nosso relacionamento com D’us.

A Torá afirma que “D’us o abençoará em tudo o que você fizer” (Deuteronômio 15:18). Esse versículo da Torá nos ensina que todo sucesso se deve a dois elementos: “tudo o que você fizer” (os esforços do ser humano neste mundo material) e a bênção de D’us. Na história de Purim, os jejuns realizados pelo Povo Judeu tiveram o propósito de despertar a bênção de D’us para anular o decreto de Haman e trazer sucesso aos seus esforços físicos na luta contra aqueles que desejavam aniquilá-los.

De acordo com a visão de Avudraham, o Jejum de Esther destaca a importância de buscar as bênçãos de D’us mesmo sob circunstâncias favoráveis. Vale lembrar que depois de a rainha Esther ter intercedido com sucesso junto ao rei Achashverosh, todos os oficiais do reino estavam apoiando os judeus na batalha, e “ninguém podia resistir a eles, porque o medo [dos judeus] havia caído sobre todos os povos” (Esther 9:2-3). Apesar de se encontrarem em uma posição muito favorável, os judeus se comprometeram a jejuar pois reconheceram que precisariam da ajuda de D’us no campo de batalha.

De acordo com a visão do Rambam, o Jejum de Esther nos ensina que podemos despertar ilimitadas bênçãos Divinas e transformar até as circunstâncias mais adversas e desfavoráveis. O plano de Haman para aniquilar o Povo de Israel parecia ser irrevogável, pois o próprio rei o havia aprovado. No entanto, apesar da situação desesperadora em que se encontravam os judeus, a rainha Esther percebeu que, se ela e todo o Povo de Israel jejuassem por três dias e três noites, seria possível atrair a misericórdia Divina e, assim, reverter a situação. Foi exatamente o que ocorreu. No final da história de Purim, não apenas o decreto genocida de Haman é frustrado, mas Mordechai toma seu lugar como primeiro-ministro e “para os judeus houve luz, felicidade, alegria e glória” (Esther 9:16).

As mulheres e a Redenção

Seja qual for a razão pela qual jejuamos em Taanit Esther, o próprio nome do jejum destaca o papel das mulheres na dinâmica da redenção. Nossos Sábios (Talmud Bavli, Sotá 11b) ensinam que “pelo mérito das mulheres justas, os judeus foram redimidos do Egito”, e, de fato, de exílios posteriores também. Foi-nos prometido “Como nos dias do seu Êxodo do Egito, Eu lhes mostrarei maravilhas” (Miquéias 7:15). Rabi Yitzhak Luria, o Arizal – o maior Cabalista de todos os tempos – ensinou que os judeus que presenciarão a redenção final constituem a reencarnação daqueles que foram libertados no Êxodo do Egito. Isso significa que a futura redenção refletirá a redenção arquetípica, a do Egito, e assim, podemos supor que ela também virá como resultado do mérito de mulheres justas.

Taanit Esther e a história de Purim como um todo nos lembram que foi por mérito de uma mulher, Esther, que o Povo Judeu sobreviveu àqueles que tentaram aniquilá-lo. Foi por mérito das mulheres judias que nosso povo foi libertado do Egito, tornando-se uma nação – o povo a quem D’us deu a Sua Torá. Foi por mérito de uma mulher, Esther, que nosso povo existe até hoje e, se D’us quiser, existirá eternamente.

Bibliografia

The Basic Purim Story - A Brief Retelling of the Book of Esther (Megillah), artigo publicado no site https://www.chabad.org/holidays/purim

The Fast of Esther, adaptado da obra Likkutei Sichot - An Anthology of talks by the Lubavitcher Rebbe, Rabbi Menachem Mendel Schneerson, publicado no site https://www.chabad.org/therebbe