Disse, então, Haman ao rei Achashverosh: “Existe um povo, espalhado e disperso, dentre os demais povos de todas as províncias de teu reino, cujas leis são diferentes de qualquer outro povo, e que não cumpre as leis do rei; pelo que não convém ao rei conservá-lo. (Meguilat Esther 3:8)
Um dos mandamentos da festa de Purim é a leitura da Meguilat Esther, que relata como Mordechai e Esther frustraram o plano diabólico de Haman de exterminar o Povo Judeu. Ensina o Talmud: “Quem lê a Meguilá de trás para frente não cumpre sua obrigação”. Nossos Sábios explicam que não devemos considerar essa proibição apenas literalmente. Ler a Meguilat Esther de trás para frente não significa apenas ler a história de maneira desordenada. Significa, também, lê-la como um relato histórico – uma história que ocorreu no passado distante e que não é relevante no presente. Fazê-lo é não captar a ideia do mandamento.
A cada ano, em Purim, ouvimos a leitura da Meguilá não apenas para cumprir a Vontade de D’us e celebrar a salvação de nosso povo, mas também porque sua história e inúmeras lições são relevantes a cada geração de judeus. A história contada pela Meguilat Esther é de extrema relevância para nossa geração – a cada um de nós – tanto em Israel quanto na Diáspora.
A Meguilá relata um episódio na História Judaica que ocorreu há dois milênios aproximadamente, na antiga Pérsia – o Irã de nossos dias. Haman, descendente de Amalek – arqui-inimigo histórico do Povo Judeu e a personificação do mal -, repentinamente se torna Primeiro-ministro do Rei Achashverosh. Haman pede e recebe permissão do rei persa para exterminar o Povo Judeu inteiro – homens, mulheres e crianças. Como todos os judeus viviam sob o domínio do Rei Achashverosh, o triunfo de Haman representaria a “Solução Final da Questão Judaica”.
Por que Haman odeia com tanta intensidade o Povo Judeu? Por que essa obsessão diabólica de aniquilá-los? A razão oficial de Haman para odiar os judeus – seu líder, Mordechai, recusara-se a se curvar perante ele – é um mero pretexto. Ninguém decide exterminar todo um povo ainda que despreze seu líder. A razão real para Haman querer exterminar nosso povo é o fato de sermos a luz e ele e seus filhos e simpatizantes, a escuridão. E a escuridão não pode coexistir em presença da luz. A guerra cósmica entre o bem e o mal – entre Israel e Amalek – personificados na história de Purim por Mordechai e Haman – ocorre em todas as gerações. Os nomes, locais e datas podem mudar, mas o tema geral continua o mesmo.
Nos últimos anos, a história de Purim se tornou particularmente relevante, talvez mais do que em qualquer época desde o final da 2ª Guerra Mundial. Haman não é apenas um diabólico antissemita que viveu há 2.000 anos, na Pérsia. Ele é uma força do mal presente em cada geração – e, com certeza, na nossa. Há boas razões para crer que Haman retornou a seu antigo país – o Irã de nossos dias – mas seus filhos, que fiel e incansavelmente põem em prática sua vontade – estão em toda parte. Eles estão no Oriente Médio, na Europa, na América Latina e, mesmo, nos Estados Unidos. Os filhos espirituais de Haman dirigem muitos governos e organismos internacionais, controlam grande parte da mídia e possuem um suprimento quase sem fim de riquezas e recursos. Como na história de Purim, Haman e seus filhos têm um objetivo principal: aniquilar o Povo Judeu por completo. Haman e seus filhos são, por vezes, facilmente identificáveis – como no caso de Hitler e seus carrascos -, mas em outras, não. Haman, em geral, muda de local e mesmo sofre mutações. Para vencê-los, primeiro temos que identificá-los. A Meguilat Esther e certos eventos decisivos na História Judaica, especialmente o Holocausto, ajudam-nos a identificar seus padrões de comportamento.
Quem é Haman? Ele é o mais cruel dos malfeitores e um mestre em maquinações do mal. Ele não mente sobre seus objetivos – é muito honesto sobre sua ideologia e missão. Faz publicidade sobre as mesmas para fazer contato com seus filhos espirituais e recrutá-los, a fim de que o ajudem a executar seus planos. Ao mesmo tempo, está constantemente enganando o mundo e disseminando mentiras sobre aqueles a quem odeia – especialmente os judeus. Em seus primeiros quatro anos como governante absoluto da Alemanha, Hitler falava de paz enquanto se armava para a guerra. Como Hitler, o Haman de cada geração está constantemente enganando o mundo. Ele blefa e redobra o engodo. Ele distorce a realidade, alegando ser vítima e descrevendo suas vítimas como infratores. Sorri e fala de paz e respeito mútuo e necessidade de negociações enquanto orquestra planos satânicos. Haman e seus filhos são mestres no engodo e criaturas despidas de consciência.
Uma segunda marca de Haman é seu insaciável desejo de poder. Ele destrói qualquer um que esteja em seu caminho. Ele proclama amar o povo que representa, mas não hesita em sacrificar quantos deles for necessário para atingir seus objetivos. Um milhão de civis alemães morreram na 2ª Guerra Mundial. Pode-se ter certeza de que Hitler teria sacrificado outros tantos milhões mais se isso significasse vencer a guerra e exterminar o Povo Judeu. Para ele, a vida humana nada vale. Além de ser um assassino em massa, ele é sádico: emprega o terror, violência, assassinato e tortura para subjugar e destruir as pessoas – e gosta de fazê-lo.
Uma terceira marca de Haman, ainda mais reveladora, é um ódio violento e obsessivo pelos judeus. É um ódio que o consome. Muitos filhos de Haman nunca conheceram um judeu em sua vida. No entanto, vivem e respiram antissemitismo. Quem é Haman, hoje? Como está armando contra nosso povo? Como podemos nós, judeus, frustrar seus esforços?
O que o Holocausto ensinou ao Povo Judeu
Na esteira da 2a Guerra Mundial, depois que o mundo ficou sabendo sobre o Holocausto e seus horrores, o antissemitismo saiu de moda – temporariamente. Durante a guerra, Haman e seus filhos mataram quase sete milhões de judeus – dois terços do judaísmo europeu. Hitler chegou perto de realizar o que Haman tentara, mas fracassou.
O Holocausto – maior catástrofe na História Judaica – ensinou muitas lições ao Povo Judeu. A primeira e mais importante: os judeus somente podem confiar sua segurança e bem-estar a outros judeus. Hoje, o Povo Judeu e o Estado de Israel têm muitos amigos e admiradores, mas o mundo permaneceu em silêncio enquanto os nazistas exterminavam milhões dos nossos.
O mundo não mexeu um dedo sequer para nos salvar: quase todos os países até se recusaram a absorver imigrantes judeus em fuga para salvar sua vida. O Holocausto nos ensinou que o Povo Judeu não pode confiar seu futuro e segurança a nenhum outro país ou nação.
Uma segunda lição que tiramos do Holocausto foi que nunca devemos subestimar a capacidade de Haman para a maldade. Se ele pudesse, teria exterminado todos os judeus – e da maneira mais horrenda possível. Hitler não mediu esforços para aniquilar nosso povo. Ele teria tido uma chance melhor de ganhar a Guerra se não tivesse gasto tantos recursos tentando exterminar-nos. De fato, podemos supor que diante da escolha – ganhar a Guerra ou apagar os judeus da face da Terra – ele teria escolhido a segunda opção. Esse ódio obsessivo e essa capacidade de maldade são, felizmente, incompreensíveis para a maioria dos seres humanos, mas são o que Haman personifica.
Uma terceira lição do Holocausto é que a campanha de demonização é o precursor da tentativa de genocídio. Se alguém se perguntar por que os nazistas conseguiram exterminar quase sete milhões de judeus enquanto o mundo ficava calado – por que praticamente ninguém protestou, e, de fato, muitos até ajudaram a executar a monstruosa campanha – a resposta é que nós, o Povo Judeu, fomos demonizados por milhares de anos. Os antissemitas fabricaram e disseminaram as piores mentiras sobre nosso povo. Basta demonizar uma nação por milhares de anos – dizer a seus filhos e dizer-lhes que digam a seus próprios filhos que um certo povo é mau e que é a raiz de tudo o que há de errado no mundo – e ninguém moverá um dedo se alguém surgir e decidir exterminá-los.
O Holocausto não se iniciou com os campos de morte e as câmaras de gás, mas com mentiras e incitamento. Durante milhares de anos, o Haman de cada geração preparou o terreno para nossa destruição. Ele, que é um mestre e manipulador da propaganda enganosa – vemos na história de Purim quão facilmente ele convence o Rei Achashverosh a lhe permitir que aniquilasse os judeus –, manipulou o mundo todo a odiar o Povo Judeu. Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler, fez uma famosa declaração de que se uma mentira é contada com frequência, as pessoas acabam aceitando-a como verdade. Amalek, Haman e seus descendentes disseram tantas mentiras sobre nosso povo, com tanta frequência e durante tanto tempo, que o mundo veio a aceitar tais calúnias como verdadeiras.
Durante 2 mil anos, estivemos à mercê de Amalek e Haman. Desde a queda do Antigo Israel e de nossa dispersão entre as nações, fomos expulsos de mais de 100 lugares. Onde quer que os judeus vivessem, sofriam perseguição e discriminação, constantes humilhações, conversões forçadas, inquisições e pogroms. O Holocausto foi a culminação de 2 mil anos de violento antissemitismo.
Após esse longo período de insuportável sofrimento, o Povo Judeu decidiu que retornaria à sua Pátria ancestral. O objetivo central do Sionismo – o restabelecimento de um país judaico soberano na Terra de Israel – era libertar o Povo Judeu do jugo maldoso do antissemitismo. A fundação do Estado de Israel, maior pesadelo de Hitler, libertou o Povo Judeu de uma posição de fraqueza. Com o estabelecimento de um Estado Judeu, os judeus não mais estavam sujeitos ao mando de líderes como o Rei Achashverosh, que, estimulados pelo Haman de cada geração, poderiam expulsar-nos, torturar-nos e exterminar-nos.
O nascimento de um Estado Judeu, nosso, significava que não mais éramos um povo sem terra e sem defesa. Agora tínhamos um país, um exército e um lar nacional que receberia, de braços abertos, qualquer judeu que desejasse voltar a seu Lar. Os judeus não mais seriam pegos na armadilha de Haman.
A derrota nazista em 1945 e a fundação do Estado de Israel três anos depois apresentaram vários problemas a Haman. À medida que o mundo ficou sabendo dos horrores do Holocausto, o antissemitismo aberto se tornou muito incorreto, politicamente. Ademais, os judeus, que há 2 mil anos tinham vivido sob a sombra do terror de Haman, construíram um país seu e um dos exércitos mais potentes do mundo.
Antissionismo: o novo Antissemitismo
Após o Holocausto, Haman percebeu que o mundo deixara de ser receptivo a sua diatribe antissemita, como antes. Ele não mais podia falar abertamente contra os judeus. Ele teria que esperar até que o mundo começasse a negar ou se esquecer do Holocausto. E, até então, como iria lutar contra os judeus?
Haman e seus filhos perceberam que era necessário uma mudança de tática e de semântica. Surgiu-lhes uma ideia – óbvia e simples, mas eficaz. Já não mais se definiriam como antissemitas. Iriam se autodenominar antissionistas. Iriam mesmo jurar que não tinham nada contra o Povo Judeu. De fato, eles alegariam ter vários colegas e amigos judeus. Explicariam que se opunham aos sionistas e a seu Estado, não aos judeus. Para justificar seu “antissionismo”, eles alegariam que os sionistas fundaram um estado em um território que não lhes pertencia. Acusariam Israel de ser um país imperialista, racista e opressivo – um satélite dos Estados Unidos no Oriente Médio. Para provar que ser antissionista e antissemita eram duas coisas bem diferentes, eles iriam mencionar que há judeus que se opõem ao Estado de Israel. Se alguém pode ser judeu e antissionista, pode-se muito bem ser contra o Estado de Israel e não ser antissemita.
Esperta, essa estratégia... Os argumentos apresentados pelos antissionistas influenciaram e enganaram muita gente no mundo todo, mas não conseguem enganar nenhum judeu que se preze. O antissionismo é apenas mais um nome para o antissemitismo. Na verdade, pode-se argumentar que o antissionismo é pior que o antissemitismo. Ninguém é obrigado a gostar de judeus ou de qualquer outra nação na face da Terra.
Todos têm direito à sua própria opinião. No entanto, ninguém pode negar ao Povo Judeu o direito à sua própria terra natal. Os americanos e os russos e os iranianos têm seu próprio país. Os árabes têm 22 países. Nós, judeus, temos direito a nosso próprio país – em nossa terra ancestral, que nunca se tornou um estado independente desde a queda do Antigo Israel, há 2 mil anos. Afirmar que não se é antissemita, mas apenas contra a pátria judaica não é diferente do que alegar que não se tem nada contra os americanos, mas se acredita que os Estados Unidos deveriam ser destruídos por seus inimigos e que a população do país deveria procurar abrigo em outra parte – isto é, desde que os outros países lhe dessem guarida...
O Sionismo significa o retorno a Sion, que é outro nome para Jerusalém – nosso lar eterno. Sionismo significa soberania e liberdade judaicas: ter nosso próprio lar nacional, onde falamos nosso idioma, praticamos livremente nossa religião e preservamos nossas tradições, nossa cultura e nossos valores. Apoiar a destruição ou a dissolução de Israel – que significaria que os milhões de judeus que lá vivem seriam exterminados ou enviados de volta à Diáspora – é tão racista e condenável quanto alegar que todos os negros que vivem no Brasil deveriam ser assassinados ou enviados de volta à escravidão.
Haman odeia o Estado de Israel não apenas porque ser antissemita não é politicamente correto. Haman detesta Israel não apenas porque é o lar do Povo Judeu, mas também porque representa sua força e seu futuro. Se alguém se perguntar a razão para o antissemitismo estar relativamente fraco na maioria dos países, desde a criação do Estado de Israel – no mínimo até recentemente –, não é apenas porque o mundo se sentia culpado pelo Holocausto. É também porque a assimilação está realizando o trabalho de Haman em seu lugar – de modo muitíssimo eficaz. Ele já não necessita sujar suas mãos lutando contra os judeus na Diáspora – pois a assimilação está rapidamente aniquilando o Povo Judeu fora de Israel. Em certos lugares, a taxa de assimilação está perto de 90%. Nesse ritmo, em mais algumas gerações, já não haverá judeus fora de Israel, excetuando-se os ultra-ortodoxos. Por outro lado, a assimilação é muito baixa em Israel, por razões óbvias. Ademais, ano após anos, cada vez mais judeus fazem Aliá. A população judaica do país está constantemente crescendo. Willie Sutton Jr, um notório ladrão de bancos americano declarou que roubava os bancos “porque é lá que se encontra o dinheiro”. De modo semelhante, Haman odeia Israel porque é lá que se encontram os judeus.
Desde a fundação do Estado de Israel, Haman e seus filhos alegam não ter nada contra os judeus – apenas contra os “sionistas”. Alegam serem humanistas, combatentes da liberdade, defensores dos fracos e indefesos – de mulheres e crianças. Eles alegam serem liberais que abominam o antissemitismo e qualquer forma de preconceito. No entanto, às vezes, Haman e seus filhos deixam cair a máscara – seu antissemitismo é tão intenso e profundo que nem eles mesmos conseguem reprimi-lo. Ocasionalmente, quando estão inflamados, eles usam o termo adequado para descrever os “sionistas” – judeus. Às vezes, até expressam, como ocorreu recentemente na guerra em Gaza, que “Hitler estava certo”. Às vezes, eles revertem a seus antigos hábitos – insultam e atacam os judeus nas ruas e destroem sinagogas, lojas e cemitérios – e justificam a sua violência como vingança pelas operações militares de Israel, ainda que vêm declarando, há décadas, não ter problema algum com os judeus, mas apenas com os “sionistas”.
Se alguém pensa que aqueles que lutam contra Israel não são tão antissemitas quanto Haman ou Hitler, essa pessoa deveria ler algumas das declarações feitas pelos líderes das organizações terroristas que controlam Gaza, Líbano e vários outros países da região. A Carta-magna da organização terrorista que controla Gaza determina o seguinte: “ ‘O Dia do Julgamento não virá até que os muçulmanos lutem contra os judeus e os aniquilem. Então, os judeus se esconderão atrás das rochas e árvores, e as rochas e árvores gritarão: ‘Ó, muçulmanos, há um judeu se escondendo atrás de mim, vinde e o matai’ ” (Artigo da Carta Magna do Hamas).
O líder da organização terrorista que controla o Líbano, que é um satélite do Irã e que possui 150 mil mísseis direcionados a Israel, fez a seguinte declaração: “Se eles (os judeus) todos se reunirem em Israel, isso nos poupará o trabalho de ter que ir atrás deles, mundo afora”. Essa afirmação, inequivocamente, revela que o propósito final das organizações terroristas que lutam contra Israel é realizar o que Hitler tentou e não conseguiu: exterminar todo o Povo Judeu.
Quanto ao Irã – lar ancestral e atual do próprio Haman – seus líderes negam o Holocausto enquanto prometem lançar um novo. O país está desenvolvendo armas nucleares – falando de paz, enquanto se arma para a guerra, como fez Hitler durante seus primeiros anos no poder. Só que o Irã não fez segredo sobre quem eles planejam ter como alvo com o armamento nuclear que tentam construir...
Hoje, Haman e seus filhos lutam contra os judeus assim como o fizeram no passado: com violência e mentiras. Por um lado, empregam o terrorismo e lançam milhares de mísseis contra Israel e tentam se tornar uma potência nuclear. Por outro, armam uma trama de mentiras sobre o Estado Judeu. Assim como Haman disseminou inverdades sobre o Povo Judeu para demonizá-lo – criando a atmosfera necessária para a execução da “Solução Final” – assim, também, hoje ele conta mentiras sobre o Estado de Israel. Seu objetivo é fazer de Israel um pária entre as nações. Como as Forças de Defesa de Israel são as melhores forças armadas no mundo, Haman decidiu ir atrás de seu último recurso: uma guerra nuclear, mesmo se significar a destruição mútua. Nesse meio tempo, ele e seus inúmeros filhos tentam enfraquecer Israel, tentando isolá-lo do restante do mundo. Haman conspira para influenciar o mundo a forçar Israel a se retirar de partes de seu território, para que deixe de ter fronteiras seguras.
Ele espera que se Israel reduzir consideravelmente seu território, um ataque surpresa, como o que ocorreu em Yom Kipur de 1973, destrua o Estado. Se Israel não se retirar para o que Abba Eban chamou de “fronteiras de Auschwitz”, Haman tentará convencer o mundo a impor sanções e embargos esmagadores sobre Israel, para que o país imploda economicamente e não tenha outra opção a não ser fazer concessões territoriais que comprometam a segurança de todos os seus cidadãos.
Temos que levar muito a sério a campanha de demonização de Haman contra Israel. Ele está virando o mundo contra o Estado Judeu, assim como costumava envenenar as nações contra os judeus que viviam na Diáspora. Pensemos juntos: Há poucos meses, Israel lutou uma Guerra contra uma organização terrorista que prega ideias similares às de Hitler e que lançou milhares de mísseis contra as principais cidades de Israel, direcionando-os a milhões de seus civis. Essa organização comete crimes de Guerra não apenas contra Israel, mas também contra sua própria população civil, inclusive suas crianças, ao usá-la como escudos humanos para proteger os locais de onde lançam os mísseis. Poder-se-ia pensar que todo o mundo iria ficar ao lado de Israel contra esses terroristas e criminosos de guerra. Pelo contrário, muitos governos e a maior parte da mídia condenou a campanha militar de Israel em defesa de seus cidadãos. Nem importou que Israel fizesse todo o possível – sacrificando, mesmo, a vida de seus soldados – para evitar mortes de civis em Gaza. Haman influenciou, com sucesso, grande parte do mundo, fazendo-os crer que os judeus sempre são culpados, independentemente dos fatos – independentemente de quem, como e por que estão lutando.
Como mencionamos acima, Haman espalhou as mais absurdas mentiras sobre o Povo Judeu enquanto vivíamos na Diáspora. Hoje essas mentiras dizem respeito ao Estado de Israel. O único estado democrático no Oriente Médio – um país tão democrático que em seu Parlamento há membros de partidos árabes que se opõem à própria existência do Estado Judeu – é rotulado de estado racista. Israel luta contra uma organização terrorista fanática que lançou mais de 4.000 mísseis contra suas cidades e é acusado de genocídio. Israel foi até mesmo chamado de estado apartheid e estado nazista!
Como explicar a demonização de Israel? Não é muito difícil de entender. Haman e seus filhos empreenderam uma brilhante campanha de propaganda contra o Estado Judeu: lançaram a vítima como o algoz. Que melhor maneira de fazer o mundo se esquecer sobre o Holocausto do que alegar que os judeus são tão perversos quanto os nazistas? Que melhor maneira de tentar isolar e sufocar o Estado Judeu do que compará-lo com a África do Sul, país racista?
Grande parte do mundo, especialmente a mídia, sofreu tanta lavagem cerebral por parte de Haman que mesmo nós, judeus, caímos em sua armadilha ao não reagirmos de forma eficaz às mentiras que ele dissemina sobre Israel. Durante a Guerra em Gaza, muitos judeus perguntavam: ‘Por que o mundo está tão preocupado com Israel e não com a Síria e o Iraque?’. O que se deduz dessa pergunta é: Sim, nós admitimos que somos maus, mas o mundo não deveria estar mais preocupado com aqueles que são piores do que nós? Haman e seus filhos se regozijam cada vez que fazemos essas perguntas; elas são uma admissão implícita de culpa. Devíamos contar ao mundo a verdade: Israel está na dianteira da guerra contra o terrorismo, que ameaça todas as nações, inclusive o mundo árabe. Israel está lutando contra um inimigo cuja ideologia é semelhante à nazista. Como Hitler, eles almejam exterminar o Povo Judeu, eles se deleitam com a violência e o terror, têm ambições megalomaníacas e estão prontos a sacrificar seu próprio povo para alcançar seus objetivos. Se o mundo não nos crê, deveria, no mínimo, crer nos terroristas de Gaza, que transmitiram a seguinte mensagem para Israel: “Das Brigadas Al-Qassam para os Soldados Sionistas: As Brigadas Al-Qassam amam a morte mais do que vocês amam a vida”. Defender Israel, portanto, é defender a vida e a liberdade; opor-se a Israel é defender a morte e a tirania. Condenar Israel e expressar simpatia pelos terroristas equivale a apoiar os nazistas e condenar as Forças Aliadas que os combateram e venceram na 2ª Guerra Mundial.
Entre as inúmeras mentiras contadas por Haman e seus filhos, há uma particularmente perversa e traiçoeira: que se não fosse pelo Estado de Israel, não haveria antissemitismo no mundo. Somente o maior dos tolos pode crer nisso. É difícil argumentar com 2 mil anos de história – com as expulsões, a perseguição, a Inquisição, os pogroms, os expurgos soviéticos e, acima de tudo, com o Holocausto. Haman quer que os judeus deixem Israel para que eles voltem a cair nessa armadilha. Cada judeu deve entender que a alternativa ao Estado de Israel é Auschwitz. É viver sob o domínio de Haman e seus filhos – sem exército algum que nos defenda. Que ninguém se iluda sobre as seguintes verdades: o Holocausto não expurgou o antissemitismo do mundo: apenas o encobriu – temporariamente. O antissionismo não é um fenômeno novo – é uma forma inteligente, eficaz e covarde de antissemitismo. As pessoas que odeiam o Estado de Israel, que conclamam ao seu boicote – ou pior, à sua destruição – são o pior tipo de antissemitas que existem.
O autor gostaria de concluir transmitindo duas mensagens. A primeira é dirigida a todas as pessoas ou organizações, especialmente às de mídia, que “compraram” a propaganda “antissionista” de Haman. Entendam uma coisa: Haman não é amigo de ninguém. Não é apenas Israel que ele deseja destruir, mas toda a civilização.
A Alemanha elegeu Hitler e o mundo o apaziguou, e os resultados foram catastróficos – não apenas para os judeus, mas para o mundo inteiro. Tivesse a Alemanha ou uma força externa o detido no início de sua carreira, os anos mais sanguinários, mais terríveis da história do mundo não teriam ocorrido. O mundo não pode permitir-se cometer o mesmo erro novamente. Portanto, quando nós, judeus, alertamos acerca de um novo Haman no horizonte, o mundo deve prestar atenção a nosso alerta.
A segunda mensagem do autor é dirigida a Haman e seus filhos. Sabemos quem vocês são e o que estão tentando fazer. Vocês podem enganar o mundo, mas não a nós. Nós os conhecemos há mais de 2 mil anos e conhecemos seu antepassado, Amalek, desde o início dos tempos. Há uma geração, vocês tentaram exterminar nosso povo de uma maneira muito covarde: assassinaram milhões de judeus – mulheres, crianças e idosos. Vocês atacaram um povo indefeso e amante da paz; a maioria deles eram pobres e religiosos e jamais haviam portado uma arma. Hoje, já não somos um povo destituído de um lar nacional e indefeso. Israel tem a melhor força aérea e serviço secreto no mundo e as mais bem treinadas forças armadas.
Hoje, podemos vencê-lo e a seus filhos – não apenas moral, espiritual e intelectualmente, como sempre o fizemos – mas agora, também, militarmente. Somos um povo eterno e voltamos à nossa terra ancestral para nunca mais sermos removidos de lá. Se vocês se levantarem novamente contra nós, o farão por sua própria conta e risco.
A Meguilat Esther conta que Haman e seus 10 filhos foram enforcados nas forcas que ele construiu para enforcar Mordechai. Hitler, covardemente, escolheu sua forma de morrer – suicidou-se após ter trazido a catástrofe ao mundo e a seu povo –, mas seus 10 filhos foram enforcados em Nuremberg. Na verdade, as forcas são o destino inevitável de Haman e seus filhos. Como promete a Torá, o nome e a memória de Amalek e de todos os seus descendentes serão obliterados. Quando isso acontecer – e que seja a Vontade de D’us que isso aconteça em breve – “haverá para os judeus, luz, felicidade, júbilo e honra” (Meguilat Esther, 8:16). Amén, ken yehi ratsón.
Obs: O título e algumas ideias deste artigo foram tirados de um discurso no Knesset feito pelo Primeiro Ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, então líder da Oposição, na esteira da Segunda Guerra do Líbano (2006). http://www.youtube.com