A história dos judeus de São Paulo, a maior e mais bem organizada comunidade judaica do Brasil, ainda esta para ser contada em toda sua amplitude. No ano de 2009, o Instituto Morashá de Cultura contribuiu para o registro dessa história, com a publicação de Raízes de uma Jornada.

O livro, de 456 páginas, traça o caminho percorrido, até chegar a São Paulo, pelas famílias de judeus sefaraditas orientais que hoje compõem a Congregação Sefardi Paulista Beit Yaacov.

  
Embora “Raízes de uma Jornada” não obedeça a um rigor histórico de natureza acadêmica, como disse um conhecido escritor, para se compreender qualquer povo é preciso conhecer os fundamentos de sua história. O primeiro capítulo do livro, portanto, situa os judeus sefaraditas orientais na História Geral, delineando as influências que os impactaram, tanto por terem vivido na esfera de domínio cristão quanto sob o Islã, destacando sua importância e adentrando o século 20. Na segunda parte do livro, onde está reunido grande parte do acervo fotográfico do Instituto Morashá de Cultura, está um breve perfil da história e vida de algumas comunidades judaicas, a começar pelos judeus de Alepo, de onde se originou grande parte dos membros da comunidade da Beit Yaacov. Os rituais, costumes e tradições seguidos na atual sinagoga, em São Paulo, são os mesmos que eram observados em Aram Tsobá, nome da cidade de Alepo nos textos bíblicos. Um extenso capítulo é dedicado à comunidade judaica de Beirute, outra importante vertente da comunidade Beit Yaacov. Debruçamo-nos também sobre Damasco e Salônica, de onde se originaram várias famílias que hoje vivem em São Paulo. O último capítulo, antes de abordar a chegada desses imigrantes em terras brasileiras, nas décadas de 1950 a 1970, menciona algumas das outras comunidades onde esses judeus se estabeleceram no curso de seu destino.

O livro, elaborado em conjunto com o Instituto Cultural J. Safra e confeccionado com recursos da Lei Rouanet de incentivo à cultura, foi o resultado de incontáveis pesquisas e rastreamentos de fontes, através de registros tão escassos quanto muitas vezes contraditórios. Além das referências históricas nos países de origem, foram reunidas, durante anos  pelo Instituto Morashá de Cultura, fotografias e documentos dos membros da Congregação Beit Yaacov  e de outras comunidades sefaraditas. 
Foi dada ênfase especial à coletânea de fotografias, porque, mesmo desprovidas de movimento, as imagens contêm dinâmica própria, fixam eventos e pessoas e remetem os leitores a épocas passadas. São flagrantes captados de forma inocente e despretensiosa, mas que, vistos hoje na sua totalidade, correspondem a autênticos momentos históricos. Cada foto encerra uma história em particular e seu conjunto propõe um insubstituível panorama de comunidades que existiram e se desenvolveram em outras partes do planeta. Estas fotografias detêm o poder de estabelecer conosco, nos dias de hoje, uma sensação de conhecimento mútuo e até mesmo de intimidade.
 
O propósito do livro será alcançado na medida em que o resgate das múltiplas memórias nele contidas reafirme a certeza dos laços existentes entre os judeus de hoje e os de tempos longínquos  tempos marcados por momentos de alegria e de tristeza, mas que, no filtro da história, se transformaram em boas lembranças do que ficou para trás, depois que foram obrigados a abandonar a terra onde viviam.