O dia 7 de outubro foi um dia de luto para Israel e para todo o Povo Judeu. O massacre de civis não provocou, como era de se esperar, um sentimento de solidariedade em relação a Israel, mas sim uma enxurrada de acusações. Tem-se notado uma tendência preocupante na qual eventos históricos e fatos importantes […]

O dia 7 de outubro foi um dia de luto para Israel e para todo o Povo Judeu.

O massacre de civis não provocou, como era de se esperar, um sentimento de solidariedade em relação a Israel, mas sim uma enxurrada de acusações. Tem-se notado uma tendência preocupante na qual eventos históricos e fatos importantes são desconsiderados ou “esquecidos”. Um número alarmante de acadêmicos, estudantes, artistas, jornalistas, políticos e ativistas ocidentais tem minimizado, justificado ou, em casos extremos, glorificado atos de violência, incluindo assassinato, agressão sexual e sequestro de indivíduos – de homens e mulheres e até de grupos vulneráveis, como bebês, pessoas com deficiências, idosos e doentes. Entre estes, há aqueles que, paradoxalmente, se identificam como “humanitários”, mas apoiam uma retórica que promove o genocídio do Povo Judeu.

Assistimos estarrecidos as reitoras de três faculdades renomadas nos Estados Unidos – Harvard, MIT e Universidade da Pensilvânia – terem dificuldade de condenar e classificar como assédio os clamores de “genocídio aos judeus” ouvidos abertamente em seus campi universitários. E responderem que isso “dependia do contexto” quando questionadas numa audiência perante o Congresso americano.

É imperativo reconhecer que, independentemente da posição da pessoa sobre as possíveis soluções para o conflito entre Israel e o Hamas, como a criação de dois estados ou outras iniciativas de paz, é essencial que haja um entendimento do contexto histórico e das complexidades do cenário atual. Precisamos usar as definições corretas dos conceitos, palavras e fatos. Fatos não “dependem do contexto” e palavras usadas erroneamente e com más intenções só conseguem inflamar o ódio contra os judeus e contra Israel.

Como disse Daniel Patrick Moynihan, embaixador e senador americano, embora todos tenham direito às suas opiniões, as pessoas não têm direito aos seus próprios fatos. Nenhuma discussão honesta sobre o conflito árabe-israelense pode ocorrer se for baseada em desinformação e em negação de fatos históricos básicos. A história acaba sendo distorcida por narrativas antissemitas.

Torna-se, portanto, crucial destacar vários fatos-chave que contribuem para uma compreensão da situação e que são fundamentais para que haja uma discussão construtiva.

Desde quando os judeus estão na Terra de Israel?

Um dos mitos perpetuados por antissemitas é a afirmação de que o Povo Judeu não tem conexão com a Terra de Israel, quando toda a historiografia e achados arqueológicos apontam para o fato de que os judeus são os habitantes indígenas dessa terra. O vínculo entre o Povo Judeu e sua terra é antigo, anterior ao surgimento do Cristianismo e do Islã. Remonta à era dos Patriarcas do Povo Judeu, por volta do século 18 antes da Era Comum, e é descrita no Tanach – a Bíblia Hebraica, que consiste dos Cinco Livros da Torá, os Profetas e os Escritos.

Um tema recorrente em todo o Tanach é a noção de que a Terra de Israel, Eretz Israel, é o presente eterno de D’us ao Povo Judeu. A Torá contém inúmeras instâncias em que D’us reafirma essa promessa aos três Patriarcas. No livro de Gênesis, D’us promete a Terra de Israel, na época denominada de Canaã, a Avraham e seus descendentes. Essa promessa é repetida a seu filho, Isaac, e neto, Jacob.

Em 1738 a.E.C., o patriarca Avraham se estabelece na Terra de Israel. Seu filho Isaac, o segundo Patriarca, nasce nesse território, nunca o tendo deixado. O filho de Isaac, Jacob, também chamado Israel, o terceiro e último Patriarca do Povo Judeu, também nasce nesta terra. Ao contrário de seu pai Isaac, Jacob foi compelido a deixar Canaã, devido a uma fome regional. Mudou-se com sua família para o Egito, onde o Povo Judeu permaneceria por 210 anos. A Torá relata o Êxodo do Povo Judeu do Egito por volta do século 13 a.E.C., liderado por Moisés, e sua jornada de 40 anos pelo deserto em direção à Terra Prometida. Após a morte de Moisés, seu discípulo Josué conduz o Povo Judeu à Terra de Israel.

Os primeiros livros que constituem os Profetas – Josué, Juízes e Reis – relatam como o Povo Judeu conquistou a Terra de Israel, lá estabelecendo-se como nação. Os Livros de Josué e Juízes detalham as guerras empreendidas e vencidas contra os povos que habitavam a região. O Livro de Samuel relata que o Rei David fundou e nomeou a cidade de Jerusalém, estabelecendo-a como a capital de Israel, onde reinou por 33 anos. O Livro dos Reis conta que o Rei Salomão, filho do Rei David, construiu o Templo Sagrado em Jerusalém, e que a Terra de Israel foi dividida em dois reinos – o Reino de Israel e o Reino de Judá.

Sob os Reis Saul, David e Salomão, toda a Terra de Israel foi unida num único reino judeu. Após a morte do Rei Salomão (935 ou 928 a.E.C.), as 12 tribos de Israel se dividiram em dois reinos: o Reino de Israel, ao norte, com sua capital Samaria (Shomron, em hebraico), e o Reino de Judá (Yehudá) ao sul, com sua capital em Jerusalém.

Ambos os reinos eventualmente caíram nas mãos de inimigos e o Povo de Israel foi exilado da Terra de Israel. O Reino de Israel foi conquistado pelos assírios em 722 a.E.C., sendo exilada a maioria de seus habitantes. No entanto, o Reino de Judá permaneceu sob domínio judeu até 586 a.E.C., quando foi conquistado pelo Império Babilônico. Vitoriosos, os babilônios levaram ao exílio 40 mil judeus. Parte retornará para Eretz Israel após Ciro, o Grande, conquistar a Babilônia. O imperador autoriza a volta dos judeus. Eles irão recuperar o controle sobre a Terra de Israel no século 2 a.E.C..

O fato de o Povo Judeu ser o povo indígena da Terra de Israel não é apenas uma questão de fé religiosa – tanto da fé judaica quanto da cristã – mas, também, é um fato historicamente indiscutível. As evidências históricas e arqueológicas são esmagadoras.

A presença judaica na Terra de Israel é um pilar fundamental do Cristianismo, pois Jesus foi um judeu que nasceu e viveu em Judá, assim como os seus discípulos.

O Judaísmo e a Terra de Israel

No hebraico, a Terra de Israel é chamada Eretz Israel. Também é conhecida como Eretz Hakodesh, “a Terra Santa”, porque essa terra é sagrada, assim designada por D’us. Um tema recorrente em toda a Torá é a noção de que a Terra de Israel é a “Terra Prometida” – o presente eterno de D’us ao Povo Judeu.

Como a Terra é sagrada, muitos dos mandamentos da Torá só podem ser plenamente observados dentro da Terra de Israel. E quando rezamos a Amidá, a oração central do Judaísmo, oramos voltados para Jerusalém.

Durante os últimos dois mil anos, judeus ao redor do mundo oram, pelo menos, três vezes ao dia, suplicando a D’us que os liberte do exílio e os conduza de volta à Terra de Israel. Ao final de cada importante celebração religiosa judaica, como o jejum de Yom Kipur e o Seder de Pessach, proclamamos: “No próximo ano em Jerusalém” – Bashaná haba’á b’Yerushalayim. Por dois mil anos, não houve um único dia em que o Povo Judeu se tenha esquecido da Terra de Israel. E ao longo dos séculos, sempre que possível, os judeus retornaram à sua terra natal.

De onde vem o nome “Palestina”?

A origem do nome “Palestina” remonta à conquista romana da Terra de Israel, no primeiro século antes da Era Comum. A Primeira Grande Revolta Judaica contra o domínio romano eclodiu em 66 E.C., culminando com a conquista romana de Jerusalém em 70 E.C. e a destruição do Segundo Templo. Esse evento marcou o início da Segunda Diáspora.

Em 132 E.C., tem início a Segunda Grande Revolta Judaica contra os romanos, liderada por Bar Kochba. Dois anos mais tarde, Betar, o último reduto dos insurgentes foi arrasado pelos romanos. Apesar do fracasso da revolta, com quase 600 mil judeus mortos e outros milhares levados por Roma como escravos, é um equívoco pensar que todos os judeus foram exilados após essa revolta. Isso porque uma parcela significativa da população judaica permaneceu na Terra de Israel. Há restos arqueológicos de sinagogas que remontam àquele período.

Para punir os judeus pela rebelião e apagar a ligação entre eles e sua terra, os romanos renomearam a região, antes conhecida como “Judeia” ou “Judá”, para “Provincia Syria Palaestina”. O novo nome foi escolhido em referência aos filisteus, antigos habitantes da costa e grandes inimigos do Povo de Israel, principalmente durante o reinado do Rei David, como tentativa de minimizar a identidade judaica da região.

Ao longo de quase dois mil anos, a região e os judeus que nela permaneceram foram conquistados por vários impérios, até a declaração do moderno Estado de Israel, em 1948.

Quando os mulçumanos chegaram na Terra de Israel?

O início do Islã é marcado no ano de 610 E.C., após a primeira revelação do profeta Maomé, aos 40 anos de idade. À medida que o Islã se fortalece na Arábia, exércitos muçulmanos começam a conquistar o Oriente Médio.

Em 636 E.C., após quase 500 anos de domínio romano, a Terra de Israel, na época parte do Império Bizantino1, foi conquistada pelos exércitos muçulmanos. Durante quatro séculos, os califas governaram a região.

Sob o domínio islâmico, os judeus e cristãos podiam viver na Terra de Israel com o status de dhimmis, ou seja, cidadãos considerados protegidos, mas de uma classe inferior. Desde que reconhecessem a supremacia do Islã e pagassem os tributos exigidos, tinham garantida a vida e a liberdade religiosa. Mas sempre viveram à mercê – ou sob a "proteção" – do governante da época, que poderia ser benevolente ou hostil a eles. Em 717, foram impostas novas restrições contra os não-muçulmanos, bem como pesados impostos, tornando a vida na Terra Santa difícil para os judeus e forçando muitos a deixarem a região.

Os muitos impérios que conquistaram a Terra de Israel

A Terra de Israel fica sob domínio muçulmano até 1099, quando é invadida pelos exércitos da Primeira Cruzada2. Milhares de judeus e muçulmanos são mortos pelos cruzados durante a ocupação cristã da Terra de Israel.

Nos dois séculos seguintes, muçulmanos e cristãos lutam pela região. Mas, ao final do século 13, Saladino, o Grande, expulsa os cruzados, pondo um fim ao domínio cristão da região.

Com a expulsão da Península Ibérica de todo judeu praticante, no final do século 15, seguiu-se uma onda de imigração judaica para a Terra de Israel, que irá aumentar após os otomanos conquistarem, em 1516, a região. Eles abrem as portas de seu Império aos judeus, e um número cada vez maior de judeus e conversos se refugia nos domínios otomanos. De acordo com registros otomanos havia milhares de judeus vivendo nas aldeias da Galileia, no início do século 16, e, em 1567, os judeus constituíam a maioria da população de Safed.

No início do século 19, novas ondas de imigrantes judeus retornaram à Terra de Israel. A comunidade judaica local dobraria entre os anos de 1808 e 1840.

Vemos, portanto, que é errado afirmar que o retorno do Povo Judeu à Terra de Israel é resultado do Holocausto ou do Movimento Sionista iniciado por Theodor Herzl. Na realidade, judeus sempre viveram na terra que hoje constitui o Estado de Israel e os judeus da Diáspora nunca desistiram do sonho de retornar à sua pátria ancestral.

De fato, a restauração da população judaica no que se tornou o Estado de Israel foi um processo histórico que começou séculos antes da declaração do moderno Estado Judeu.

O que era Israel antes de 1948?

A maior parte do território que hoje compreende Síria, Líbano, Jordânia e Israel ficou durante quatro séculos sob domínio otomano. Durante a 1a Guerra Mundial (1914-1918), o Império Otomano, que abrangia grande parte do Oriente Médio, incluindo a Terra de Israel, lutou ao lado da Alemanha e da Áustria-Hungria contra os Aliados. Quando a guerra terminou, a França e a Inglaterra, nações vitoriosas, dividiram entre si o território do Império Otomano. A França recebeu o mandato para governar a Síria Otomana, incluindo o Líbano. A Grã-Bretanha foi incumbida do mandato para a Mesopotâmia (atual Iraque) e a então Palestina Otomana (que incluía não apenas Israel, mas também o que hoje é a Jordânia).

Em julho de 1922, a Liga das Nações estabeleceu oficialmente o Reino Unido como mandatário no controle da Palestina. Cinco anos antes, em novembro de 1917, buscando o apoio judaico, o governo britânico emitiu a Declaração Balfour, documento que se tornou um marco histórico, feito pelo então Secretário de Relações Exteriores Arthur Balfour, onde se lia que Londres veria com bons olhos a criação de um “lar nacional judeu na Palestina”. Ao mesmo tempo, os ingleses fizeram uma promessa contraditória aos árabes. Propuseram-lhes que, se eles lutassem contra os turcos, a Inglaterra daria a eles uma “grande nação árabe independente”, sob o domínio da família hachemita.

A Declaração Balfour foi endossada pela recém-criada Liga das Nações – precursora da Organização das Nações Unidas. No documento do mandato, a Liga das Nações reconheceu “a conexão histórica do Povo Judeu com a Palestina”, conclamando-o a “reconstituir” o lar nacional do Povo Judeu. Em outras palavras, a Liga das Nações reconheceu um direito pré-existente dos judeus à Terra de Israel, o que indicava que a organização não estava “criando” esse direito.

Na época, a terra era habitada por uma minoria judaica e uma maioria árabe, assim como outros grupos étnicos menores. Havia algumas famílias judias cuja origem podia ser rastreada até o período do Segundo Templo.

Entre as décadas de 1920 e 1940, cresceu o número de judeus que lá aportavam, em fuga da perseguição na Europa. De fato, os judeus só se tornaram maioria na Terra de Israel após o Holocausto. Durante esse terrível momento na história da humanidade, os judeus estavam desesperados para deixar a Europa, mas os países haviam fechado suas fronteiras a refugiados judeus. Tampouco podiam ir para Eretz Israel, pois os britânicos haviam imposto, desde 1939, severas restrições à imigração judaica para a Palestina sob Mandato Britânico. Se tivessem para onde ir, o Holocausto talvez não tivesse custado a vida de seis milhões de judeus.

É importante ressaltar que, desde a queda dos Reinos de Israel e de Judá até a fundação do Moderno Estado de Israel, não houve nenhum estado soberano no território que hoje constitui o Estado de Israel – o território sempre esteve sob domínio de grandes impérios. Nunca houve um país independente chamado Palestina. Quanto à cidade de Jerusalém, ela nunca foi a capital de nenhum povo ou país além do Povo de Israel.

O que foi a Partilha?

Em 1947, a ONU votou pela divisão da Palestina sob Mandato Britânico em dois estados independentes – um judeu e outro árabe – com Jerusalém se tornando uma cidade internacional. Essa decisão levou à criação do Estado de Israel, em 1948.

Israel foi concebido como um refúgio seguro para os judeus que fugiam da perseguição, bem como um lar nacional para os judeus. Para estes, a Terra de Israel era seu lar ancestral. Contudo, os árabes que viviam nesse território também reivindicavam posse da totalidade da terra e se opuseram à decisão, rejeitando a criação de um Estado Judeu. A Partilha foi aceita pelos líderes judeus, mas rejeitada pelos líderes árabes e, portanto, nunca foi implementado um estado árabe. As nações árabes decidiram “jogar os judeus ao mar” e travaram uma guerra para eliminar o Estado Judeu.

Países Árabes rejeitam a Partilha da ONU e a guerra se inicia

Em 1948, quando termina o Mandato Britânico, a Grã-Bretanha se retira da então Palestina Britânica, ciente de que uma guerra era iminente.

Os árabes haviam rejeitado o Plano de Partilha das Nações Unidas que propunha dividir a Palestina em um estado judeu e um estado árabe. Um dia após Israel declarar sua independência, cinco países árabes atacaram e invadiram o país. Contra todas as expectativas, Israel, com seu exército recém-formado, os derrotou.

A pedido de líderes árabes, muitos deles abandonam suas casas, enquanto outros foram forçados a sair das mesmas. Desde então, a maioria dos refugiados palestinos e seus descendentes vivem em Gaza e na Cisjordânia, assim como nos vizinhos Jordânia, Síria e Líbano. Aqueles que permaneceram em Israel se tornaram cidadãos plenos, com direitos iguais, e hoje representam 20% da população israelense.

Disputas Territoriais

Em 1949, termina a Guerra de Independência do recém-fundado Estado de Israel, sendo acordado um cessar-fogo. A Jordânia ocupa a área que ficou conhecida como Cisjordânia e o Egito ocupa Gaza – territórios que fariam parte do estado árabe desenhado pela ONU na Partilha e hoje reivindicados por aqueles que apoiam o estabelecimento de um estado palestino. Jerusalém foi dividida entre as forças israelenses, a oeste, e as forças jordanianas, a leste. A cidade antiga de Jerusalém permaneceu sob domínio jordaniano; Israel não conseguiu recuperá-la até a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Até então, os judeus eram proibidos de morar e de entrar na Cidade Velha de Jerusalém e de fazer suas orações no Kotel – no Muro das Lamentações.

Ao término da Guerra de Independência, Israel acabou com mais terras do que lhe teria sido concedido sob o Plano de Partilha. Como nunca houve um acordo de paz entre Israel e os países árabes vizinhos, mais guerras e conflitos ocorreriam nas décadas seguintes.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel conquistou Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, além da maior parte das Colinas de Golã, Gaza e a Península do Sinai.

Em 1979, Egito e Israel assinaram um tratado de paz e, em virtude do acordado, Israel se retirou de toda a Península do Sinai.

A Palestina era um país antes de Israel?

Em toda História do Oriente Médio nunca houve um país chamado Palestina, com cidadãos palestinos. O Estado de Israel está localizado em um território que foi conquistado por muitos povos, ao longo da história: assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, árabes muçulmanos, cruzados e turcos otomanos.

Desde o Reino de Israel e de Judá, o território em questão nunca se tornou um Estado independente até 1948, quando foi estabelecido o moderno Estado de Israel. Na Europa medieval, por exemplo, “Palestina” referia-se ao território ocupado pelos judeus na Antiguidade, sendo também chamado de “Terra Santa” ou “Terra Prometida”. Não era uma região com fronteiras definidas.

Essencialmente, nunca houve um país com fronteiras definidas chamado “Palestina” antes de o mandato britânico ser estabelecido após a 1ª Guerra Mundial. Os britânicos escolheram o nome “Palestina” em linha com a tradição cristã europeia, remontando aos romanos que renomearam como Palestina a terra de Judá.

O que é Gaza?

Gaza é uma estreita faixa de terra situada entre Israel e o Mar Mediterrâneo, com uma curta fronteira sul com o Egito. Com apenas 41 km de comprimento e 10 km de largura, possui mais de dois milhões de habitantes, tornando-se um dos lugares mais densamente povoados da terra. A maioria dos que vivem em Gaza são jovens, sendo que praticamente 40% da população tem menos de 14 anos, e a idade média de seus habitantes, em 2020, era de apenas 18 anos.

Quem governa Gaza?

Após a guerra de 1948-49, Gaza foi ocupada pelo Egito durante 19 anos.

Israel ocupou Gaza na Guerra dos Seis Dias, em 1967, lá permanecendo até 2005. Nesse ano de 2005 Israel decidiu retirar todos os seus militares e civis da Faixa de Gaza. Nenhum judeu continuou lá.

Em 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares e, em 2007, tomou o controle da Faixa de Gaza da Autoridade Palestina, com grande violência. Desde então, nenhuma eleição foi realizada.

O Hamas governa Gaza, enquanto a Autoridade Palestina mantém controle administrativo de partes da Cisjordânia. O Hamas, grupo islamista armado, entra em conflito com a Autoridade Palestina (AP) por repetidas vezes. Os integrantes da AP são seculares e a favor da solução de dois Estados.

Desde que o Hamas chegou ao poder, em 2007, eles vêm lançando dezenas de milhares de foguetes contra as cidades israelenses. Israel conseguiu prevenir maiores danos a suas cidades e sua população ao investir pesadamente na construção de abrigos antimísseis e na construção do Domo de Ferro, um sofisticado sistema de defesa antimísseis que destrói foguetes inimigos em pleno voo.

Em resposta a esses constantes ataques, Israel tentou impor um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo ao enclave como forma de evitar que o Hamas importasse armas. Os eventos de 7 de outubro demonstraram que esse bloqueio foi ineficaz. O Hamas revelou ser muito bem treinado e fortemente armado.

O bloqueio a Gaza fez com que muitas pessoas acusassem Israel de punição coletiva e de manter refém a população do território. Contudo, ao longo dos anos, bilhões de dólares foram enviados à Faixa de Gaza, principalmente pelo Qatar. O objetivo era evitar crises humanitárias e investir no desenvolvimento local. Sabe-se hoje que a maior parte desse dinheiro foi utilizado para fins bélicos, tanto na forma de armamentos como na construção de 300 - 500 quilômetros de túneis.

É importante ressaltar que o Egito – o único país além de Israel que faz fronteira com Gaza – também impõe restrições rigorosas em sua fronteira com o território controlado pelo Hamas.

O que é o Hamas?

O Hamas foi fundado em 1987, no início da Primeira Intifada3, por membros da Irmandade Muçulmana. Hamas é um acrônimo que significa Harakat al-Muqawama al-Islamiya, ou Movimento de Resistência Islâmica.

O grupo segue princípios islamistas que pregam que o Islã deve desempenhar um papel fundamental na vida política. Seus principais objetivos são o estabelecimento de um estado islâmico sob a lei da Sharia4 e a destruição de Israel. A organização foi responsável por muitos atentados suicidas e tantos outros ataques mortais contra civis e soldados israelenses.

O Hamas é um dos dois principais partidos políticos nos territórios palestinos, com uma ala armada que se estimava ter entre 30 mil a 40 mil combatentes, antes do início da guerra de 2023.

Em 1988, o Hamas publicou seu estatuto, declarando ser uma obrigação religiosa travar uma guerra armada contra Israel. Consta em seu Estatuto, “a Jihad é seu caminho e a morte em nome de Alá é o mais elevado de seus desejos”.

A Constituição da organização, de 2017, afirma que “o Hamas rejeita qualquer alternativa à libertação total e completa da Palestina, do rio ao mar”.

O Hamas rejeita todos os compromissos e negociações com Israel. Seu objetivo – a destruição de Israel – não está aberto a negociações territoriais ou à coexistência pacífica.

O Hamas é um grupo terrorista?

Dezenas de países consideram o Hamas uma organização terrorista – entre eles os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido, a Austrália e o Canadá. Outros países, como a Nova Zelândia, aplicam este rótulo apenas à sua ala militar.

No Reino Unido, por exemplo, ser membro ou expressar apoio ao Hamas é um ato ilegal, punível com até 14 anos de prisão. A Alemanha também proíbe as atividades do Hamas; isto significa que qualquer pessoa que seja ativa em organizações pró-Hamas está cometendo um delito criminal.

O Hamas sempre defendeu a violência, pedindo a aniquilação de Israel. Este grupo terrorista realizou seu primeiro atentado suicida em abril de 1993, cinco meses antes que o líder da OLP, Yasser Arafat, e do primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, assinassem os Acordos de Oslo.

Outros atentados se seguiram nestes 30 anos: atentados suicidas, tiroteios, envio de balões incendiários e, ao longo dos anos, o disparo de dezenas de milhares de foguetes a partir de Gaza para Israel. Sem o Domo de Ferro – sistema de defesa antimísseis de Israel – o número de vítimas israelenses seria incalculável.

O grupo terrorista também estabeleceu uma rede com cerca de 300 - 500 km de túneis subterrâneos, em Gaza. Os túneis são usados como arsenais, abrigos subterrâneos, centrais de comando e vias de transporte de armamentos e pessoas. Os túneis têm sido usados, depois de 7 de outubro, como cativeiro, para parte dos reféns.

Esses túneis conectam vários pontos dentro da Faixa de Gaza, sendo que parte deles são situados abaixo de regiões com alta densidade populacional e embaixo de escolas, hospitais e mesquitas. A rede de túneis do Hamas também se estende para fora de Gaza. Certos túneis vão de Gaza ao Egito para contrabandear armas e bens de consumo, e outros estendem-se diretamente de Gaza até as comunidades israelenses situadas na proximidade da fronteira, facilitando a infiltração de terroristas que visam sequestrar e matar civis israelenses.

O grupo travou várias guerras com Israel desde que assumiu o poder. Israel atacou repetidamente o Hamas pelo ar e enviou tropas para Gaza em 2008, 2014 e em 2023.

No dia 7 de outubro de 2023 o Hamas foi responsável por efetuar o ataque mais mortal na história de Israel, que resultou no maior número de judeus assassinados em um único dia desde o final do Holocausto. Terroristas e “civis” da Faixa de Gaza invadiram o território israelense, matando mais de 1.200 pessoas, ferindo mais de 13.000, predominantemente civis, e sequestrando 253 indivíduos. Eles mataram, decapitaram, mutilaram, torturaram, queimaram vivos, estupraram, incendiaram tudo que viram pela frente e sequestraram bebês, mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiências físicas e mentais, paramédicos, bombeiros e forças de segurança.

O que quer dizer a expressão “do rio ao mar”, usada nas manifestações pró-Hamas?

A expressão “do rio ao mar, a Palestina será livre” (“From the river to the sea, Palestine will be free”) é o principal slogan usado em manifestações pró-palestinos ao redor do mundo, principalmente em campi universitários e cidades americanas. Em várias cidades da Europa, como Viena e Berlim, este slogan foi proibido e descrito como um “apelo claro à violência”.

Esta expressão, que tem sido usada desde a década de 1960, refere-se à terra entre o Rio Jordão, que faz fronteira com o leste de Israel, e o Mar Mediterrâneo, a oeste.

Em 1966, o líder sírio Hafez al-Assad, pai do atual ditador do país, disse: “Só aceitaremos a guerra e a restauração da terra usurpada... para expulsar vocês, agressores, e jogá-los ao mar de uma vez por todas.”

O slogan conclama ao estabelecimento de um Estado da Palestina em território que vá do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo. É amplamente entendido como uma demanda pela destruição do Estado de Israel e, segundo a Liga Anti-Difamação, a expressão, em sua forma mais extremista, é um apelo à aniquilação dos judeus que vivem entre “o rio e o mar”.

“A Palestina é nossa, do rio ao mar e do sul ao norte”, disse Khaled Mashaal, ex-líder do Hamas, em um discurso em Gaza, em 2012, celebrando o 25º aniversário da fundação do grupo terrorista, conforme notícia da Associated Press. Recentemente, Mashaal declarou: “Após 7 de outubro, acredito que o sonho e a esperança pela Palestina do rio ao mar e do norte ao sul tenham sido renovados. Isso também se tornou um slogan entoado... pelo público americano e ocidental... esse é o slogan dos estudantes americanos”.

Israel não foi fundada para ser uma base militar americana no Oriente Médio

Um dos mitos que circulam pela Internet é que Israel foi fundado para servir como uma base militar americana no Oriente Médio.

O mito é um grande embuste histórico, que ganhou força em círculos antiamericanos. É fato histórico conhecido que, quando da criação do Estado de Israel, os Estados Unidos sequer eram o aliado mais forte de Israel. Havia muitos generais e políticos americanos que eram contrários à declaração de independência de Israel. Apesar da oposição do Secretário de Estado, os Estados Unidos votaram a favor da Partilha por determinação do próprio Presidente Truman.

Na época da criação do Estado Judeu, acreditava-se que o recém-criado país se alinharia com a então União Soviética. O ditador soviético Joseph Stalin havia adotado uma política externa pró-sionista, não por simpatia aos judeus, mas porque acreditava que Israel seria socialista e reduziria a influência e presença britânica no Oriente Médio. Acredita-se que o Plano de Partilha da ONU e a criação do Estado de Israel não teriam acontecido sem o forte apoio soviético.

A URSS começou a apoiar publicamente os anseios do movimento sionista em 1947, durante o debate do Plano de Partilha. Um discurso inesperado de Andrei Gromiko, representante da então União Soviética na ONU, teve ampla repercussão internacional e evidenciou a posição de Stalin. Gromiko discursou sobre o horror sofrido pelos judeus no Holocausto e enfatizou que “era hora de o mundo ajudar esse povo, não com palavras, mas com ações concretas”, defendendo a autodeterminação judaica através da divisão da Palestina sob Mandato Britânico em dois estados.

Em 17 de maio de 1948, três dias após a declaração do Estado de Israel, a então União Soviética foi o primeiro país a conceder reconhecimento de jure5 ao Estado Judeu. Os Estados Unidos reconheceram Israel de facto imediatamente, mas estenderam o reconhecimento de jure, o reconhecimento que carrega mais legitimidade,somente após a primeira eleição israelense, em 31 de janeiro de 1949.

Além do apoio diplomático, a Tchecoslováquia, país satélite soviético, foi o único que ignorou o embargo internacional de armamentos e vendeu armas que permitiram que o recém-criado exército de Israel se defendesse durante a Guerra de Independência. Naquela época, os Estados Unidos aplicavam estritamente a Lei de Neutralidade, que impunha um embargo de armas a qualquer país engajado em conflito armado; recusando-se, portanto, a vender armas a Israel.

Quando os partidos pró-soviéticos perderam a primeira eleição ao Knesset6, em janeiro de 1949, Stalin retirou seu apoio e pôs um fim às vendas de armas tchecas a Israel. A ex-URSS logo mudou de lado no conflito árabe-israelense, apoiando abertamente os países árabes contra Israel a partir de meados dos anos 1950.

A relação de Israel com os Estados Unidos evoluiu ao longo do tempo. No início, os EUA mantiveram um embargo de armas a Israel e o Departamento de Estado americano adotou uma postura pragmática, preocupado com o impacto na relação com as nações árabes. Nos primeiros anos do Estado, a ajuda americana limitava-se a empréstimos para a compra de alimentos. Somente após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Washington aumentou a venda de armas a Israel, percebendo o claro alinhamento dos países árabes com a ex-URSS. O Presidente Johnson comprometeu-se a manter a “vantagem militar qualitativa” de Israel, abrindo caminho para décadas de vendas de armas que fortaleceram o exército israelense. Desde então, os Estados Unidos passaram a ser o principal apoiador militar e diplomático de Israel.

Israel não é um estado colonizador

Nos últimos anos, tem havido uma forte campanha para retratar Israel como uma “entidade colonizadora”. O argumento é utilizado para minar a própria legitimidade do Estado Judeu, buscando apagar e negar os laços históricos do Povo Judeu com a terra de seus ancestrais. A campanha difamatória procura retratar os judeus como colonizadores europeus que chegaram na região – em contraste com os palestinos, que são apresentados como a “população nativa autêntica”, um erro, como vimos acima.

Colonialismo é definido como sendo a subjugação de povos indígenas – e a exploração de suas terras e recursos. Os colonialistas frequentemente impõem sua própria língua e valores culturais ao povo que passam a dominar e implantam seus representantes em suas colônias. O termo “colonialista” evoca memórias históricas de nações europeias brancas exploradoras invadindo terras estrangeiras ao redor do mundo.

Essa imagem não poderia ser mais distante da verdade. A conexão dos judeus com a Terra de Israel começa no início da narrativa bíblica – aceita tanto pelo Judaísmo, Cristianismo e Islã, como a terra que foi repetidamente prometida por D’us aos judeus. Como visto acima, os judeus viveram na Terra de Israel por mais de três mil anos. Eles são nativos e indígenas à terra, falando a mesma língua e praticando a mesma religião como faziam há milhares de anos.

Mesmo quando os judeus foram exilados da Terra de Israel, ela permaneceu central em seus corações e mentes. Em nossas orações diárias, que rezamos três vezes ao dia, e na Bênção após as Refeições repetimos inúmeras vezes o nosso anseio de retornar à Terra de Israel.

Israel não é um país colonizador. Os judeus que imigraram para a Terra de Israel, fizeram-no por vontade própria, não sendo dirigidos nem supervisionados por nenhum estado colonial ou poder militar. E sozinhos construíram e lutaram pelo seu estado, sem a ajuda de nenhum império.

Israel é o único estado judeu, não havendo outro lugar para onde os judeus possam “voltar”. Centenas de milhares de judeus vieram para Israel escapando das perseguições na Europa. Milhares fugiram da Rússia – dos pogroms e perseguições – e outros tantos tentaram deixar o continente, que estava majoritariamente sob ocupação nazista. É fundamental lembrar que durante o Holocausto as portas das nações do mundo estavam totalmente fechadas para os refugiados judeus. Depois do final da 2ª Guerra, as portas dos países continuavam fechadas para os sobreviventes do Holocausto.

Entre 1947 e 1948, 856 mil judeus que viviam em comunidades milenares nos países muçulmanos perceberam que não havia mais futuro para eles nesses países. Discriminados e perseguidos, apátridas porque suas cidadanias haviam sido revogadas, enxotados sem poder levar nenhum de seus bens, a única porta aberta para a grande maioria era Israel. Ao todo, de 1947 a 1976, mais de 1,4 milhão de judeus foram forçados a sair de países árabes.

Os judeus que se estabeleceram em Israel não foram para explorar a terra, mas para desenvolvê-la. Eles retornaram à Terra de Israel preparados para fazer o que fosse necessário para tornar o país habitável e próspero. Os primeiros a lá se estabelecer encontraram pântanos e desertos, enfrentaram epidemias de malária e outras doenças. Com trabalho árduo, converteram pântanos em terras agrícolas ricas e férteis. Atualmente, mesmo que a geografia do país não seja naturalmente propícia à agricultura e a água seja escassa, o país é um grande exportador de produtos agrícolas e líder mundial em tecnologias agrícolas.

É irônica a acusação de que Israel tem raízes coloniais porque anteriormente a terra estava sob Mandato Britânico, já que Jordânia e Iraque estavam anteriormente sob domínio britânico e Síria e Líbano estavam sob domínio francês. Antes da 1a Guerra Mundial, os estados árabes do Iraque, Síria, Líbano e Jordânia não existiam – a região era parte do Império Otomano. Eles se tornaram “estados” devido à intervenção europeia na região.

Essas acusações que retratam Israel como um “agressor colonialista” são utilizadas pelos ativistas anti-Israel para justificar todos os ataques bárbaros desfechados contra o Estado de Israel e seus cidadãos. A realidade é que o Povo Judeu construiu na Terra de Israel a única democracia do Oriente Médio.

Israel não é um país “branco”

Há uma tendência crescente por parte de ativistas anti-Israel para enquadrar o conflito israelense-palestino em termos raciais, com o intuito de traçar comparações falsas com a desigualdade racial nos Estados Unidos e em outros países. Segundo essa narrativa, Israel foi estabelecido como um refúgio para judeus ashquenazitas (europeus) oprimidos que, por sua vez, se tornaram opressores de pessoas de cor – os palestinos.

Israel não é um país de europeus brancos privilegiados. Sem dúvida, a criação de Israel proporcionou um refúgio para judeus oprimidos na Europa e para sobreviventes do Holocausto. No entanto, Israel é lar não apenas para judeus europeus, mas também para judeus que foram perseguidos nos países árabes e judeus, mundo afora. É uma das sociedades mais multiculturais da terra, composta por imigrantes de todo o mundo – incluindo Brasil, Argentina, Índia, Turquia, África do Sul, Etiópia, Irã, Estados Unidos, União Europeia, ex-União Soviética, Iraque, Síria, Egito, e assim por diante.

Em Israel, há judeus de diferentes raças e etnias. Cerca de 30% são ashquenazitas, descendentes de judeus europeus, 50,2% dos judeus israelenses são de origem mizrahi ou sefardita, o restante são de etnias diferentes. Ademais, o Estado de Israel é lar tanto para judeus quanto para não judeus, sendo que os árabes israelenses constituem mais de 20% da população do país.

Categorizar Israel como um opressor “branco” distorce a realidade de um país multicultural, multiétnico e democrático, que garante direitos civis a todos os seus cidadãos, independentemente de sua origem, religião ou antecedentes. Retratar Israel como uma extensão do “privilégio branco” é perigoso e usado para vilipendiar o país e justificar quaisquer ataques contra ele.

Israel não comete apartheid

Acusar Israel de ser um estado de apartheid é outra maneira de tentar “demonizar” o país. A acusação é falsa e ofensiva. Quem acusa Israel de apartheid desconhece ou finge desconhecer o que é um regime apartheid. O termo é usado para deslegitimar o país e justificar a violência contra a sua população.

Palavra africâner que literalmente significa “separação”, o termo apartheid é usado para descrever o sistema político e econômico discriminatório de segregação racial que vigorava na África do Sul, imposto pela minoria branca – que representava menos de 20% da população – aos não-brancos que lá viviam. O apartheid foi implementado pelo Partido Nacional da África do Sul, de 1948 a 1994. E é definido como um sistema que mantém um regime institucionalizado de discriminação e opressão de um grupo racial sobre outro.

Na África do Sul, o apartheid assegurava privilégios para a minoria branca e discriminava e subjugava a maioria não-branca. O sistema regia todos os aspectos da vida do país, determinando quem podia votar, onde alguém podia trabalhar, estudar e circular. Casamentos entre brancos e não brancos eram proibidos. Hospitais, ambulâncias, ônibus e instalações públicas e até bancos em praças eram segregados, e os destinados à população não-branca eram de qualidade inferior. Um negro, por exemplo, não podia ser tratado em um hospital para brancos, assim como um médico negro não podia tratar um paciente branco. E eram presos aqueles que não seguissem as leis do apartheid.

Quando se trata de Israel, as acusações de apartheid são facilmente refutadas: Israel não possui uma legislação que determine uma segregação racial. É um fato fácil de verificar nas ruas, praias e instalações públicas. Israel é uma democracia. As leis do país e instituições democráticas sustentam e garantem tratamento igual para todos os seus cidadãos, independentemente da etnia, e cidadãos árabes e judeus têm igual direito de voto nas eleições israelenses.

Israel é um país de imprensa livre e tribunais independentes, e suas instituições servem tanto a árabes quanto a judeus e outras etnias. Diferentemente da África do Sul, Israel não tem escolas, moradias, ônibus ou instalações públicas separadas para judeus e árabes.

Representando mais de 20% da população de Israel, cidadãos árabes israelenses servem como juízes, médicos, atores, jornalistas etc., trabalhando lado a lado com judeus israelenses e desempenhando papéis proeminentes em todos os aspectos da sociedade israelense. Drusos, beduínos e árabes israelenses lutam nas Forças de Defesa de Israel e alcançaram patentes tão altas quanto Generais de Divisão, Brigadeiros ou Contra-almirantes. Há parlamentares árabes no Knesset, bem como no sistema judiciário israelense, incluindo a Suprema Corte. De 2021 a 2022, Ra’am, um partido político árabe de Israel que representa cidadãos árabes muçulmanos religiosos, tornou-se parte de um governo de coalizão.

E quanto à Cisjordânia e à Faixa de Gaza? Quem vive na Cisjordânia ou em Gaza não é cidadão israelense. Esses territórios ainda estão sujeitos a disputas e negociações entre israelenses e palestinos e, devido à falta de um acordo final, existem essas restrições.

Há um muro que separa Israel da Cisjordânia e de Gaza. O muro foi construído devido a considerações de segurança após uma série de ataques terroristas que visavam civis israelenses. Postos de controle e a barreira de segurança na Cisjordânia e bloqueio em Gaza foram colocados por Israel para proteger sua população.

O propósito dessas medidas não é “oprimir ou dominar” os palestinos, mas minimizar a violência. Em 2021, apenas, Israel enfrentou mais de 6.500 ataques provenientes de Gaza, da Cisjordânia e de Jerusalém. Os ataques terroristas de 7 de outubro comprovaram que as existentes medidas de segurança não foram suficientes para proteger o país.

Limitações na movimentação de bens e de pessoas impõem grandes dificuldades aos palestinos que vivem em Gaza e na Cisjordânia. Contudo, não são impostas por discriminação racial, mas por proteção. Só será possível remover os pontos de controle de segurança e o bloqueio a Gaza quando uma opção real for encontrada para manter a segurança de Israel. Existem questões legítimas, mas as comparações simplistas com o apartheid sul-africano são factualmente incorretas e apenas antagonizam e polarizam.

Buscando uma solução mais permanente, Israel fez ofertas de paz em 2000 e 2008 que levariam à criação de um estado palestino independente em quase toda a Cisjordânia e Gaza, mas os líderes palestinos rejeitaram ambas as ofertas.