“Contarei para vós a partir da véspera da segunda noite de Pessach, quando o omer de grãos deve ser trazido como oferenda, por sete semanas completas. O dia seguinte depois da sétima semana da tua contagem deverá ser o 50°.” (Levítico 23:15-16)

O período do Omer, que dura sete semanas e se estende até Shavuot, inicia-se na segunda noite de Pessach. Quarenta e nove dias separam estas duas datas e a Torá nos manda contar este período. A contagem é conhecida como Sefirat HaOmer.

Esta contagem inicia-se com a saída do Egito, Mitzrayim, e representa os 49 graus de ascensão espiritual realizados, no deserto, pelos hebreus. Segundo o Talmud, no Egito os Filhos de Israel haviam perdido não apenas a sua liberdade como também a sua espiritualidade.

Encontravam-se no mais baixo nível de espiritualidade e os 49 dias serviram de preparo espiritual para que estivessem aptos a receber a Torá no Monte Sinai, a razão fundamental do êxodo.

Este período de transição, que se iniciou com a saída do Egito, foi um tempo de profunda preparação para que, gradativamente, cada um pudesse “crescer” e alcançar o nível de espiritualidade necessário.

Era uma tarefa enorme a ser cumprida – fazer com que uma população escravizada e oprimida, que vivera centenas de anos sob a influência do paganismo egípcio, alcançasse os altos graus de espiritualidade necessários para receber a Lei.

D’us mostrou a Moisés como realizá-la. A cada dia, cada um dos Filhos de Israel deveria mudar só uma pequena faceta de seu caráter. Deveria refinar um traço particular de sua personalidade. Assim, a cada dia cresceria um pouco, até chegar à elevação necessária para receber a Torá.

Dizem nossos sábios que, em Pessach, cada judeu deve considerar como se ele mesmo tivesse sido libertado da escravidão do Egito.

Mitzrayim (Egito, em hebraico) significa estreito, limitado, um espaço pequeno. Representa os caminhos pelos quais nós, como indivíduos, dificultamos o nosso crescimento espiritual. Em cada palavra e letra da Torá há uma diretriz que nos ensina como buscar um crescimento interior e uma transformação.

Quando a Torá nos manda “deixar Mitzrayim”, isto significa romper com nossas limitações, convertendo traços negativos em positivos. Ir além de nossas limitações, maximizando, assim, o potencial espiritual que existe em cada um de nós.

O crescimento físico chega ao fim numa certa idade, mas o crescimento espiritual deve continuar para sempre. A espiritualidade é uma escalada rumo ao Infinito.

Durante os 49 dias de Sefirat HaOmer nos é dada a oportunidade de subir, passo a passo, a escada do crescimento emocional e do aprimoramento pes-soal. A cada dia concentramos nossa atenção em uma das sete emoções básicas – cada dia representando o aperfeiçoamento de uma das sete, subdivididas em sete, pois cada uma inclui dentro de si aspectos das demais.

As sete faculdades emocionais de nossa alma são as Sefirot da emoção humana:

Chessed: Benevolência;
Guevurá: Força, julgamento, reclusão, pavor
Tiferet: Beleza, harmonia;
Netzach: Perseverança, a vontade de vencer, conquistar;
Hod: Empatia, sinceridade, perseverança;
Yessod: União;
Malchut: Soberania, nobreza; a realização do potencial no homem.

Cada um dos 49 dias tem sua própria energia espiritual. Penetramos ou canalizamos essa energia quando os examinamos e aprimoramos em nosso interior. Por isso, mencionamos a cada dia uma dessas emoções e a sua subdivisão, por exemplo:

O 1º dia é Chessed Shebechessed – A bondade que existe na bondade;
O 2º dia é Guevurá Shebechessed – A severidade ou o rigor que existe na bondade.

Após nos purificarmos em todas as 49 dimensões, estamos plenamente aptos a receber a Revelação Divina. Celebramos o recebimento da Torá (Matan Torá) já tendo adquirido por completo o aprimoramento de todas as nossas faculdades emocionais.

A CONTAGEM

A contagem deve ser sempre feita de pé, após o aparecer das estrelas, quando segundo a tradição judaica um novo dia começa. A contagem do Omer tem início com a recitação do Salmo 67, pois este contém alusões aos 49 dias da sefirá. Em seguida, diz-se a berachá:

Baruch Ata A-do-nai, E-lo-henu Melech haolam, asher kideshanu bemitsvotav, vetsivanú al sefirat Ha-Omer.

Bendito és Tu, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo que nos santificaste com Teus mandamentos e nos ordenaste a contar o Omer.

Em seguida, diz-se o número de dias da contagem, como mostrava o exemplo:

Hoje é o dia 1 da contagem do Omer;
Hoje é o dia 2 da contagem; ...
Hoje é o dia 7 da contagem do Omer, ou seja uma semana...
... até o último dia.

Hoje é o dia 49 da contagem, ou seja sete semanas.

Se alguém esquecer em alguma noite de contar o Omer, poderá fazê-lo no dia seguinte, sem dizer a berachá. Se esquecer novamente, poderá continuar a contagem nos demais dias sempre sem a berachá.

O Omer pode ser contado em qualquer idioma, porém o costume é contá-lo em hebraico. A lista dos dias e informações mais detalhadas podem ser encontradas em qualquer Sidur ou no nosso suplemento especial.