Rachel, considerada a mãe espiritual do Povo Judeu, simboliza o auto-sacrifício assim como a redenção. A profecia de Jeremias dizia que a Terra Santa seria recuperada e o povo se reuniria devido à compaixão do Todo Poderoso por Rachel. Somente ela, que sempre demonstrara verdadeira piedade e misericórdia, poderia invocar e receber a mesma misericórdia do Eterno. 

Uma das quatro matriarcas e uma das primeiras profetisas, Rachel é retratada na Torá como a esposa, linda e amada, de Yaacov, nosso terceiro patriarca. Sua existência neste mundo foi breve. Seu amor por Yaacov preencheu toda a sua vida, que foi igual a uma chama que se inflama e queima intensamente antes de se apagar. Segundo os textos místicos, a união entre os dois era perfeita e o vínculo que os unia era o mais forte que pode existir entre dois seres humanos. O sentimento entre os dois era tão profundo e perfeito que é usado para simbolizar o amor entre D’us e o Povo de Israel.

Mas, apesar de ter sido a esposa preferida de Yaacov, a mais amada, sua vida foi marcada por muito sofrimento e luta, pois, por muitos anos (segundo o Midrash teriam sido 14), não conseguiu conceber um filho.

Rachel e Yaacov

Rachel entra em cena no capítulo 29 do Livro Gênese. Após o encontro com o Eterno, Yaacov parte para a terra de Haran, onde nascera sua mãe, Rivka. Iria, como prometera a seus pais, desposar uma das filhas de Labão, seu tio materno.

Diz a Torá que, ao chegar ao local, Yaacov viu pastores ao lado de um poço e perguntou: “Conheceis a Labão, filho de Nachor?”. Eles responderam: “Sim, nós o conhecemos; e eis que chega Rachel, sua filha, que vem com o rebanho” (Gênese 29: 6, 7).

Yaacov vê a jovem se aproximar para dar de beber às ovelhas do rebanho do pai. Uma praga atingira as ovelhas de Labão; poucas haviam escapado e Labão demitira todos os empregados, deixando o rebanho aos cuidados de Rachel. Yaacov a ajuda, rolando a pesada pedra que cobria o poço e apresenta-se como filho de Rivka, irmã de Labão, seu pai.

A Torá descreve Rachel como sendo uma jovem de beleza radiante, incomparável, “formosa de porte e formosa de semblante” (ibid, 29:17). O Midrash acrescenta que não havia nenhuma jovem mais bela do que ela. Na Torá encontramos louvores à beleza feminina em várias de suas passagens, em especial ao se referir às esposas dos patriarcas, pois a beleza física é vista como um reflexo de uma linda alma.

Yaacov amou Rachel assim que a viu. Nosso patriarca percebeu a beleza de sua alma e sua imensa compaixão. Ao vê-la, ele é tomado de profunda emoção e lhe diz que viera para se casar com uma das filhas de Labão, seu tio, e lhe pergunta se aceitaria ser sua esposa. Rachel aceita imediatamente. Yaacov, que representa a Sefirá de Tiferet,  a Sefirá da beleza, harmonia e compaixão – reconheceu em Rachel a mulher destinada a ser sua parceira na Terra, aquela que o ajudaria na missão de forjar a harmonia entre forças espirituais opostas. Ele agradece a D’us que a colocara diante de seus olhos. Mas, chora, ao pressentir que ela morreria prematuramente e não seria enterrada junto a si.

Rachel leva ao pai a notícia da chegada do primo. O ganancioso Labão se apressa a ir ao encontro de nosso patriarca, acreditando que o herdeiro de Itzhak fosse imensamente rico e viesse carregado de presentes. Fica decepcionado ao vê-lo de mãos vazias; mas, mesmo assim, hospeda-o em sua casa durante um mês. Labão logo percebe que passara a prosperar desde a chegada de Yaacov, e lhe pergunta, então, quais seriam suas condições para que ele lá ficasse. Yaacov lhe disse que seu único desejo era desposar Rachel.

Yaacov é alertado por Rachel sobre  a astúcia de Labão, avisando-lhe  que ele não titubearia em  enganá-lo, pois não queria que Rachel se casasse antes de sua irmã mais velha, Leah. Ele então especifica claramente sua intenção: “Servir-te-ei sete anos por Rachel, tua filha menor” (ibid, 29:18).

A Torá nos diz que os sete anos “foram, a seus olhos, como poucos dias, tamanho era o amor de Yaacov por ela” (ibid, 29-20). Segundo o Zohar, esse período de espera foi necessário para Yaacov inculcar suas crenças em Rachel, pois ela havia sido criada no meio de idólatras.

Ao término dos sete anos, Yaacov exige que Labão lhe dê Rachel como esposa. Mas, seu tio tinha outros planos. Desde a chegada de Yaacov, não apenas Labão, mas todos os que viviam em Haran, haviam prosperado. O Midrash nos revela que buscando aprovação para o plano que arquitetava, Labão reuniu os homens do local e lhes disse: “Vocês bem sabem como aqui a  água é escassa. Mas desde que Yaacov vive entre nós, tornou-se abundante. Se quiserem que ele fique por mais sete anos, enganá-lo-ei  dando-lhe Leah por esposa. Como é grande o seu amor por Rachel, aceitará trabalhar mais sete anos para mim”. Obtendo a aprovação dos demais, Labão põe seu plano em execução. Ele vai substituir Rachel por Leah, ameaçando matá-la se esta se recusasse a tomar o lugar da irmã.

Percebendo que Labão estava prestes a enganar Yaacov, o primeiro impulso de Rachel é intervir. Este combinara com ela um sinal secreto para que a pudesse reconhecer na escuridão da tenda nupcial. Mas, ao imaginar a vergonha que Leah passaria caso fosse desmascarada, Rachel revela à irmã o sinal combinado, para que Yaacov acreditasse ser Rachel a mulher que tinha a seu lado.

Ao decidir impedir que sua irmã fosse humilhada publicamente, Rachel arquiteta um plano para salvar a dignidade de Leah. Rachel agirá além de seus interesses e de suas obrigações, mesmo acreditando que suas ações implicariam no fim de suas esperanças de se casar com o amor de sua vida e de se tornar uma das Matriarcas do Povo Judeu. O ato de suprema abnegação de Rachel, em benefício da irmã, espontaneamente, sem ter recebido uma ordem de D’us, afiançou-lhe mérito eterno.

Na manhã do dia seguinte ao casamento, ao perceber que Leah estava no lugar de sua amada Rachel, Yaacov, irado, enfrenta Labão: “Por que me enganaste? Decerto, por Rachel te servi”. O sogro então responde: “Não é costume, entre nós, agir dessa forma, dando a mais nova antes da mais velha. Completa a semana nupcial com Leah e te darei também a mais nova, pelos serviços que prestarás a mim ainda durante outros sete anos” (ibid, 26 a 29 ). Terminada a semana, Yaacov se casou com Rachel e por ela serviu durante mais sete anos a seu tio e sogro.

Yaacov, nosso terceiro patriarca, foi um de nossos maiores profetas, com o qual D’us falou oito vezes.  É ilógico acreditar que, não fosse  por Vontade Divina, ele não iria perceber que era Leah e não era Rachel quem estava ao seu lado.  A verdade é que apesar do incrível altruísmo de Rachel e da igualmente incrível desonestidade de Labão, a união entre Yaacov e Leah só aconteceu porque o plano de D’us para a Nação Judaica exigia que eles fossem marido e mulher. As duas irmãs haviam sido escolhidas por D’us para serem responsáveis por construir a futura Nação de Israel.

Sentindo-se enganado, Yaacov pensa até em se divorciar de Leah. Ele chega a duvidar de sua sinceridade e moralidade, temendo os efeitos de algum traço de caráter que ela pudesse ter herdado do pai. Mas ela logo concebeu e Yaacov percebe que era Vontade de D’s que ele a mantivesse como esposa. Somente quando já se aproximava a sua morte, Yaacov reconheceria o valor de Leah.

Afirma o Midrash que os patriarcas cumpriam as leis da Torá. Sendo assim, como pôde Yaacov se casar com Rachel, sendo que Leah ainda estava viva e a Torá proíbe esse tipo de casamento? Sábios de todas as gerações têm procurado dar uma resposta a essa pergunta. Segundo o Maharal de Praga e o Rabi Chaim ben Atar, por exemplo, quando o Midrash diz que “os patriarcas cumpriam as leis da Torá”, estão-se referindo às Sete Leis de Noé e aos preceitos positivos da Torá, e não às proibições que foram formalmente recebidas pelos Filhos de Israel no Monte Sinai.

O Rebe de Lubavitch deu uma explicação diferente. Yaacov se casou com Rachel porque prometera desposá-la. É preciso lembrar que nossos patriarcas seguiam os mandamentos da Torá por iniciativa própria, já que estes se tornaram  leis obrigatórias para todo o  Povo Judeu somente após a  outorga da Torá por D’us no  Monte Sinai. Sendo assim, os patriarcas não estavam obrigados a fazê-lo, era uma escolha espiritual auto-imposta. Por outro lado, a humanidade havia recebido de D’us as Leis de Noé, que proibiam roubar, trapacear ou enganar o outro, entre outros mandamentos. Por isso, para não quebrar a promessa que fizera a Rachel e não enganá-la, Yaacov deixou de lado sua escolha espiritual auto-imposta de seguir as leis da Torá.

Rachel, esposa e mãe

A Torá nos diz: “E Yaacov amava Rachel mais do que Leah” (ibid 29-30). O amor que Yaacov sentia por Rachel era profundo. Ele a amava mais que amava Leah e suas outras duas esposas, Zilpah e Bil’hah,  e essa preferência continuou mesmo depois da morte de Rachel, chegando a influenciar o comportamento de Yaacov em relação a seus filhos.

Yaacov amava Rachel não apenas por ser sua esposa, esteio de sua casa, mas também por sua personalidade e suas ações. Rachel representa o mundo de palavras e ações reveladas. Seu temperamento aberto e franco a ajudava a elevar ao reino da santidade o mundo a seu redor.

Sua curta vida foi marcada por profundo sofrimento e muita luta, pois durante anos não conseguiu  dar um filho a Yaacov. Enquanto Leah concebera logo após o casamento, dando a nosso patriarca vários filhos, Rachel não conseguia engravidar. Sua continuada esterilidade criou um nervosismo e impaciência excessivos em sua alma. Assim diz a Torá: “Viu Rachel que não dava filhos a Yaacov e invejou sua irmã”.

Ao ver que suas preces não eram atendidas, ela acreditava que a irmã fosse mais justa e merecedora do que ela. Nossos sábios afirmam que a razão da rivalidade entre as duas irmãs – ambas profetisas – era o ardente desejo de Rachel de ter uma maior participação na criação da Nação Judaica.

Apesar de serem gêmeas, Rachel e Leah eram diferentes, tanto no caráter como na aparência. Enquanto esta última aceitava resignadamente o que a vida lhe destinava, Rachel, não aceitando passivamente as vicissitudes da vida, persistia em seu objetivo com fé e esperança. A Cabalá explica que ela representa a dimensão revelada da realidade, ao passo que Leah representa a dimensão encoberta.

Todo o seu ser estava estreitamente envolvido no desejo de se tornar mãe, por isso Rachel chorava. Ela sabia que Yaacov era um grande Tzadik, um Justo, e que com suas preces podia interceder por ela junto a D’us. Angustiada, diz a Yaacov: “Dê-me filhos, senão estou morta”, ao que, assustado, ele responde: “Acaso estou eu no lugar de D’us, que te negou o fruto do ventre?” (ibid 30-3). Yaacov respondeu tão bruscamente a Rachel, porque temia que, em virtude de sua esterilidade, ela fosse perder seu interesse pela vida. Rachel deveria haver implorado a D’us, ao invés de se lamentar a Yaacov, mas ele deveria ter pensado na amargura do desapontamento de Rachel, e suavemente lhe apontado as ocultações da Divina Providência.

Rachel não se deixa abater e o reprime, perguntando se essa era a forma que seu pai Itzhak tratara sua mãe Rivka. Ele se empenhara e rezara com fervor para que ela engravidasse, diz Rachel. Ao que Yaacov lhe respondeu: “Ele não tinha filhos; e eu os tenho (quatro, com Leah)”. Rachel, então, não se dá por vencida e retruca: “E seu avô, Abraham, apesar de ter um filho, empenhou-se em pedir a D’us para que Sarah concebesse”. Yaacov concorda, então, em fazer como seu avô, Abraham, e aceita tomar como esposa Bil’hah, a serva de Rachel, na realidade sua meia-irmã, e com ela tem dois filhos. Leah, que acreditava não mais poder conceber, também dá a Yaacov sua serva, Zilpah, com quem ele tem outros dois filhos.

Anos depois de Rachel ter-se casado, o Eterno levou em conta seu enorme mérito e a angústia que a consumia e atendeu suas preces. Em Rosh Hashaná, “o Dia da Recordação”, D’us “lembrou-se de Rachel e a escutou e abriu seu ventre” (ibid 30-22). No caso de Rachel, a Divina Intervenção que a fez conceber foi mais milagrosa do que no caso de Sarah, nossa primeira matriarca. Além de ser estéril, Rachel foi a única matriarca cujo nome hebraico não contém a letra hê, presente no Nome do Eterno e que indica a procriação, pois, segundo Rashi, foi com esta letra que D’us criou o mundo.

Segundo o Zohar, D’us deu Yossef à Rachel, um homem extraordinário, destacado, na Torá, como sendo um Tzadik – um homem verdadeiramente justo, responsável por salvar não apenas sua família, mas todo o Egito. (Ver Morashá 48)

Rachel o chamou de Yossef porque “D’us removeu de mim a minha desgraça”. O nome continha seu pedido para ter a graça de gerar outro filho, pois a palavra é o imperativo “Aumenta”, ou, em sua súplica muda, “Aumenta-me com outro filho” (ibid 30-24). Yossef tornou-se o filho predileto de Yaacov, pois mãe e filho se pareciam fisicamente e o fazia recordar-se de sua amada esposa.
Segundo nossos sábios, Leah que já gerara seis filhos de Yaacov estava destinada a ser a mãe de sete das doze tribos de Israel. Isto significava que Rachel daria à luz um único filho. Naquele momento, Leah, grávida mais uma vez e querendo poupar sua irmã Rachel da humilhação de ter menos filhos que Zilpah e Bil’hah, pede a D’us para que a criança que carregava no ventre fosse uma menina. Suas preces são atendidas e ela dá à luz à Dina.

Yaacov deixa Haran

Após o nascimento de Yossef, Yaacov sabe que chegara a hora de voltar para a sua terra, pois lhe fora revelado que a Casa de Esaú cairia em mãos dos filhos de Yossef. Ao mesmo tempo, recebe uma mensagem de sua mãe, Rivka, dizendo-lhe que era tempo de voltar para casa.

Pede permissão a Labão para assim agir. Este reluta em deixá-lo ir, revelando saber que “o Eterno o abençoou por sua causa” e consegue que Yaacov permaneça entre eles por mais seis anos. Oferece-lhe pagamento. Nos seis anos seguintes, apesar de todas as trapaças de Labão, Yaacov, já com 11 filhos, vê milagrosamente aumentar seu patrimônio material. Ao deixar Haran, são grandes as suas posses.

Quando Rachel novamente engravida, Yaacov não deseja que seu 12o filho – aquele que viria a completar a família de Israel – nascesse fora da Terra Prometida. D’us, que durante 20 anos não lhe tinha aparecido, diz a Yaacov: “Volta à terra de teus pais”. Antes de deixar a terra do sogro, nosso patriarca fala com Rachel e Leah. Sabendo do quanto Labão enganara Yaacov, ambas concordam em partir, com todos os seus filhos e toda a riqueza acumulada com o trabalho dos últimos seis anos, sem avisar Labão.

Mas, antes de partir, Rachel rouba os ídolos do pai e os esconde consigo sem nada dizer a Yaacov. Sua única intenção era impedir o pai de cometer idolatria. “Como posso partir e deixar este velho homem em meio à sua corrupção?”. Mas seu ato teria nefastas consequências para si própria.

Após três dias, Labão percebe que Yaacov havia fugido. Sai em seu encalço e o alcança. Pretendia  matá-lo, mas em sonho D’us lhe aparece e lhe diz para não fazer nada contra Yaacov. Além do mais, sabia que Esaú se aproximava com 400 homens e teve medo. Ao se defrontar com o genro, Labão lhe pergunta por que fugira e o acusa de ter roubado seus deuses. Yaacov não sabia que Rachel os levara consigo e diz: “Aquele que encontrares com teus deuses não viverá!” (ibid 31-32). Estas palavras selaram a sorte de Rachel.

Rachel deixa este mundo

A Torá relata a morte de Rachel em Gênese 35-18. Após seu encontro com D’us, em Bet-El, Yaacov segue viagem. Relata a Torá que “havia ainda um trecho grande de terra para chegar a Efrat, quando deu à luz Rachel”.

Avançada na gravidez, Rachel entrara em trabalho de parto, com muitas dores e dificuldades. Temia pela vida de seu filho, mas a parteira a confortara dizendo que não havia perigo algum para a criança por nascer. Ela dá à luz a um menino, o 12º filho de Yaacov. Sua alma estava prestes a deixar este mundo, mas ela ainda teve forças de dar o nome  à criança. Chama-o Ben-Oni,  “filho de minha dor”, mas Yaacov muda o nome para Binyamin,  “filho da minha direita”. Era uma criança frágil, em quem ele via Rachel, aquela que fora a sua força e alegria.

Yaacov sepultou sua amada “no caminho de Efrat” (ibid 35-19), no lugar exato onde morreu e ergue um monumento sobre o túmulo, onde cada um dos 11 filhos colocou uma pedra. E ele coloca a sua sobre todas as demais.

Yaacov a sepultou nesse local e não na Gruta de Machpelá, pois ele previu que no futuro, após a destruição do Primeiro Templo, em 423 A.E.C1., os judeus seriam expulsos de suas casas e forçados ao exílio na Babilônia. Passariam por esta mesma estrada e clamariam a Rachel que lhes instilaria coragem, e suplicaria a D’us em favor deles.

Rachel foi quem sempre demonstrou verdadeira compaixão. Legou-nos a capacidade de envolvimento e de auto-transcendência – a virtude que permite ao homem ir além de sua própria subjetividade egoísta para perceber a realidade e o sofrimento do outro. Para nosso povo, ela personifica o poder inato da alma e sua devoção consciente de despertar a Misericórdia Divina. Isto ela fez com lágrimas nos olhos e preces em seu coração.

BIBLIOGRAFIA
Rabbi Munk, Elie, The Call of The Torah, An anthology of interpretation and commentary on the Five Books of Moses, Bereishis, Mesorah Publications
The Chumash, The book of Genesis, with Rashi’s commentaries and Haftoras with a commentary anthologized from rabbinic texts and the works of the Lubavitcher Rebbe
A Torá Viva, anotado por Rabino Aryeh Kaplan, Editora Maayanot.
The Midrash Says - The Book of Bereshit